Sala escura no Berlinale Palast. É a primeira vez que jornalistas verão ?Praia do Futuro?, a aguardada obra de Karim Aïnouz. O filme marca o retorno do Brasil à disputa do Urso de Ouro depois de seis anos e foi recebido com expectativa. Ao fim da sessão fechada, que por isso não chega a ser um termômetro muito sensível, a reação em geral foi mais para fria.
Vê-se, no início, várias logomarcas: apoios do governo federal, do governo do estado, de prefeituras, empresas brasileiras e, curiosamente, alemãs. Nesse ritmo, a logomarca da The Match Factory é uma das que mais chamam a atenção. Além de ser uma das primeiras a aparecer, a The Match Factory é uma empresa alemã com forte inserção no mercado audiovisual internacional e será a responsável pela distribuição de ?Praia do Futuro?, que, oficialmente, representa uma percursora coprodução entre o Brasil e a Alemanha.
Na conferência para a imprensa, Karim Aïnouz salientou que a coprodução foi essencial para o seu novo filme. ?Praia do Futuro? conta a história de amor entre Donato (Wagner Moura) e Konrad (Clemens Schick), que se conhecem em Fortaleza depois de um amigo de Konrad morrer afogado no mar. Donato é salva-vidas e fracassa ao tentar resgatar o amigo de Konrad. No entanto, mais do que uma história permeada pela culpa, surge ali, no contexto do encontro, um primeiro afeto, um instante de carinho e uma vontade (assim como uma dificuldade) de compartilhar lugares, vidas, línguas, corpos e culturas. Por isso o filme oscila suas filmagens e locações entre Fortaleza e Berlim, entre os mares do Ceará e os do Norte da Alemanha. Durante a coletiva, Wagner Moura disse que ?Praia do Futuro? é um filme sobre coragem e recomeço. Ele também salientou a importância de considerar a temática da homossexualidade como um elemento dramatúrgico secundário no filme.
A parceria com instituições internacionais não é uma característica restrita a ?Praia do Futuro?. Dos quatro longas brasileiros selecionados pela Berlinale, todos tiveram essa preocupação desde o nascedouro. Em entrevista Eduardo Valente, assessor internacional da Ancine, salienta que os filmes exibidos em Berlim buscaram fundos, apoios internacionais ou interações com programas vinculados a festivais. Valente coordena o programa Encontros com o cinema brasileiro, que convida curadores de 14 festivais, entre eles a Berlinale, para ver 12 filmes brasileiros previamente selecionados.

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