Não está nada fácil comemorar seus 163 anos de vida, minha querida Formiga!

Difícil porque, sinceramente, já até perdemos o hábito de nos reunirmos em ocasiões como esta para, junto de familiares e amigos, aproveitarmos a data e, bem relaxados, trocarmos abraços, cumprimentos e votos de muita saúde. E tudo isto, entre comes e bebes e misturado a muita alegria e descontração com todo mundo proseando, cantando, dançando, farreando e até, jocosamente, sacaneando de alguma forma discreta ou não, a uns mais ou a outros, com menos ênfase. Via de regra, relembrando histórias ou fatos hilários e até provocando os mais chegados, para que fluam neles aqueles sentimentos diversos que reforçam os elos que nos unem pela amizade. Este sentimento, o da amizade, de certa forma acaba compartilhado com todos aqueles que ali estejam, reunidos em torno da mesa, se congratulando como verdadeiros “irmãos” de fé, ou não.

Entre um gole e outro, sempre aparece um dentre o grupo que, antes de  bebericar o que lhe é ofertado, deixa escorrer para o chão, o tal gole do santo! Esta até parece ser a senha para que o copo ou taça, já vazio, volte a ser servido pelo anfitrião que, nestas ocasiões, se desdobra manipulando a bomba do barril ou abrindo as garrafas que ficam sob sua guarda na caixa de gelo que, estrategicamente, é colocada ao lado da churrasqueira.

A pergunta é: quando será que este corriqueiro ato, mais que normal, o de promover festas, se repetirá entre nós?

Sei lá quando. O que sei é que hoje, Formiga, os seus 163 anos de existência estão de alguma forma, vinculados a um tal vírus que veio não se sabe de onde e que ele, tal e qual fez no ano passado, também hoje nos impede de comemorar como queríamos, mais este 6 de junho. 

Porém, nem tudo está perdido. É claro que nós temos que dar graças a Deus, por estarmos aqui, vivos e cientes de que por obra divina e com a ajuda e disposição de todos aqueles que compõem nesta cidade a valorosa e incansável equipe que cuida da saúde pública, hoje figuramos no rol daqueles que de um jeito ou de outro, escaparam da lista composta, até este momento, pelos duzentos conterrâneos que não tiveram a mesma sorte que para nós, existiu.

Isto sim é motivo para comemorarmos, ainda que fisicamente no bloco do eu só! Escapamos dele. Pensando bem, quem sabe, mesmo sem merecer, estamos aqui e, certamente, fazemos parte de um enorme contingente de formiguenses que há mais de um ano está acovardado e, silenciosamente, repudia a tantos quantos voluntária e burramente, ainda insistem em se aglomerar pelos botecos e esquinas da vida. Estes, em grande maioria não usam máscaras, desrespeitam a distância que deve ser mantida entre um e outro e, rotineiramente, desobedecem e também não adotam as normas mínimas de higiene das mãos, assim como outras condutas preconizadas. Bando de idiotas! Ou será de criminosos?

Sabe minha Formiga, se esta conduta destes poucos, é claro, não mudar rapidamente, o mais provável é que, no próximo ano, quando sua idade for representada pelo número 164, talvez este editorial possa ser reeditado em nossas páginas. Tudo igual e conforme aqui foi descrito. Tudo, menos o trágico número 200, que por razões óbvias, simboliza o que nenhum de nós queria que ocorresse, mas que em sendo realidade, nos trouxe e ainda nos trás, muito sofrimento, assim como a tantas famílias e amigos daqueles que se foram.

Infelizmente este número poderá ser outro, quem sabe representando algumas centenas a mais. Ninguém quer que isto se concretize e para escaparmos desta triste realidade é fácil: a receita é: vacina no braço e respeito às normas de conduta preconizadas pela turma da saúde. Isto feito, acredito que em 2022 teremos condições de comemorar os seus 164 anos de emancipação, minha adorável Formiga. Celebraremos então, a vitória de todos nós que conseguimos agir com consciência e assim sendo, teremos extirpado de nosso meio este maldito vírus.

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