Após os recentes casos de golpes virtuais contra deputados, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) alerta para o risco de acesso a dados pessoais de clientes por operadoras de telefonia e diz que há possibilidade de funcionários dessas empresas estarem envolvidos nesse tipo de crime. O delegado chefe da Divisão Especializada em Investigação de Fraudes da PCMG, Rodrigo Bustamante, explica como esse trabalho tem sido feito e dá dicas para as pessoas se precaverem dos criminosos.

Segundo o delegado, o número de casos desse tipo tem aumentado muito nos últimos meses. “Existem muitos casos em Minas que estão sendo investigados. O fácil acesso à internet favoreceu o também acesso às informações e a dados pessoais, o que contribui para a prática de delitos”, diz.

O caso mais recente e conhecido de golpe virtual foi o do deputado federal Edson Moreira (PR). Nele, aparentemente, bandidos haviam clonado sua rede de contatos da rede social WhatsApp. Amigos e familiares receberam mensagens com pedidos de depósito financeiro em contas bancárias, sempre em nome do deputado. Um desses contatos, um vereador da cidade de Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte, depositou R$5 mil achando que estava fazendo a transferência para o amigo.

O delegado Rodrigo Bustamante afirma que nesse tipo de golpe nada da pessoa é clonado. “Os criminosos conseguem transferir o número da vítima para outro chip, desabilitando o original e fazendo com que o aparelho da pessoa pare de funcionar”, diz.

Ele ainda disse que as investigações apontam para a participação de funcionários das operadoras de telefonia nos crimes. “Nós não podemos afirmar que estes funcionários fazem parte das quadrilhas, pois eles podem participar dos crimes sem saber”, segundo Rodrigo. Para fazer esta transferência de chip, o golpista precisa ter acesso a alguns dados da pessoa na operadora que não são muito acessíveis.

O fato de muitas destas vítimas serem políticos ou pessoas de alto poder aquisitivo pode indicar que o criminoso escolhe seus alvos. Mas isso é algo que ainda está sendo investigado, diz o delegado.

A “verificação em duas etapas” é muito importante para não ter seus dados do WhatsApp acessados por algum desconhecido (Foto: Priscila Rocha)

A melhor forma de combater esse tipo de crime é a precaução. O delegado da Divisão Especializada em Investigação de Fraudes sugere que, principalmente no aplicativo WhatsApp, é muito importante que o usuário ative a “verificação em duas etapas”.

Após o usuário ativar o recurso, todas as vezes que o número de telefone associado ao WhatsApp tentar ser cadastrado em outro aparelho, um código de seis dígitos (criado anteriormente) terá de ser inserido. A verificação de duas etapas já é utilizada por uma série de serviços virtuais para aumentar a segurança e dificultar o acesso indevido a contas e aparelhos.

Quando a vítima perceber que seu número telefônico sofreu alguma fraude, ela deve agir rápido. A primeira atitude a tomar é solicitar à operadora a volta do seu número ao chip de origem. Após isso, o que ela deve fazer é registrar em boletim de ocorrência o fato. Quando há o pedido de depósito em dinheiro, é muito importante anotar o número da conta bancária de destino para que seja feito o rastreamento e um possível bloqueio do dinheiro, se tiver sido feito o depósito.

Se você receber um pedido por mensagem para a compra de algum bem ou transferência bancária, mesmo que a pessoa seja sua conhecida, é preciso verificar diretamente com ela.

Segundo o delegado Rodrigo Bustamante, a corporação está trabalhando para melhorar o combate a esse tipo de crime. “Estamos pleiteando e organizando uma estruturação de crimes cibernéticos, com a compra de equipamentos de alta tecnologia para o serviço ser feito de maneira mais eficaz”.

 

Fonte: O Tempo ||

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