O acordo para aumentar de 20% para 25% a mistura do etanol anidro à gasolina em 1º de maio, anunciado anteontem pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, não será muito bom para o bolso do consumidor, que vai ter que pagar 8,8% mais. O motivo, de acordo com o vice-presidente da Associação dos Executivos de Finanças, Administração e contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, é que o etanol rende menos na comparação com o combustível derivado do petróleo.
O consumidor vai pagar mais pela gasolina em razão do reajuste anunciado pela Petrobras e vai ter que gastar mais combustível para percorrer a mesma distância com a mudança na composição do combustível, observa.
Considerando um carro 1.0 com tanque com capacidade de 45 litros, que faz 14 km/l de gasolina e pode percorrer 630 quilômetros, com a participação do etanol anidro em 20%. Esse consumidor terá que gastar R$ 126,81, considerando um valor médio de combustível em Minas de R$ 2,818.
Já o mesmo tanque, só que com a gasolina com 25% de anidro, irá fazer 13,3 km/l e irá percorrer 585 km. Na comparação com o exemplo acima, serão 45 km a menos (-7,1%).
De acordo com as contas de Oliveira, para percorrer os mesmos 630 km, só que com rendimento menor da gasolina com 25% de etanol anidro, será necessário cerca de 4 litros de gasolina a mais. Logo, o consumidor mineiro irá pagar neste caso R$ 138,08. O valor cerca de 8% a mais que a gasolina com 20% de anidro.
Para o professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV)/IBS, Antônio Carlos Porto Gonçalves, o consumidor brasileiro sentirá o peso da gasolina de duas formas. A primeira já chegou em boa parte dos postos de combustível, que foi o repasse da alta de 6,6% da gasolina nas refinarias para as bombas dos estabelecimentos. Aliás, sei que há postos que chegaram a aumentar bem mais do que isso, casos com alta de 10%.
A segunda deve acontecer quando o governo federal mudar a participação do etanol na gasolina. Ao preço da bomba, o consumidor pode acrescentar mais 2%. Afinal, o etanol rende menos. Vamos ter que pagar mais caro por um produto pior, ressalta.
O economista afirma que, com a mudança na composição da gasolina, o governo está falsificando um pouco o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é uma das taxas de inflação medidas no país. Com mais etanol, teremos que gastar mais gasolina, observa.
Já para o secretário-executivo interino do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, é possível que haja redução no preço da gasolina com a alteração da mistura. A gasolina A é mais cara que o anidro, diz. Ele estima queda de 1 a 2 centavos.

Fonte: O Tempo Online

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