No discurso de posse, dia 06.04, o novo ministro das Relações Exteriores, Carlos Eduardo Franco França, mostrou ter perfil mais adequado para o cargo do que o seu antecessor.

Afirmou ser o momento de urgências e enfatizou três: “a urgência no campo da saúde, a urgência da economia e a urgência do desenvolvimento sustentável”.

A primeira urgência é o combate à pandemia, com trabalho conjunto entre o Itamaraty e o Ministério da Saúde. Nesse sentido, as representações do Brasil no exterior, deverão estar engajadas “numa verdadeira diplomacia da saúde”, seja para conseguir vacinas disponíveis ou remédios para o tratamento.

A segunda urgência é a da economia, trabalhando para o Brasil ter maior integração nas cadeias globais de valor e política externa guiada pelos nossos interesses.

A terceira é a do desenvolvimento sustentável, para manter o Brasil na vanguarda, enfatizando nossa matriz energética renovável e de baixo carbono.

Um dos momentos mais importantes no discurso do novo chanceler foi a promessa de maior engajamento na cooperação internacional, sem exclusões e sem preferências, com indicação da volta de relacionamentos racionais com todos os países (capitalistas ou não) e com órgãos multilaterais, como OMC, ONU. Dessa forma, o Itamaraty retoma a defesa dos interesses nacionais, sem preconceitos pré-concebidos e sem ataques fortuitos a parceiros.

Após os tempos turbulentos vividos no Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o discurso e as prioridades mencionadas pelo novo ministro são encorajadores e sinalizam voltar o nosso Itamaraty a trabalhar de forma harmônica com outras nações, na busca da defesa dos interesses nacionais e em diferentes frentes.

Melhor do que discursos, espera-se ações concretas de ajuda ao desenvolvimento nacional, tão dependente do exterior.

O novo Ministro, com suas perspectivas, abre a possibilidade de reatar laços diplomáticos com as duas maiores potências mundiais, tendo uma pauta mais próxima dos anseios do novo presidente americano, Joe Biden, e de outro lado, voltar a ter diálogo com o nosso maior parceiro comercial, a China.

Os últimos dois anos foram uma mostra de como o Brasil não pode se isolar dos principais atores mundiais, sob pena de ficar alijado dos principais fóruns de discussões e, com o tempo, perder o papel conquistado de ator importante no desenvolvimento sustentável, de grande produtor agrícola, de um grande interlocutor na América Latina.

Foi fácil limpar as gavetas do ex-Ministro, Ernesto Araújo, mas o novo titular terá a difícil tarefa de reconstruir laços destruídos pelo antecessor, seja internamente, por exemplo, no relacionamento com o Poder Legislativo, seja externamente, ao ter de reaproximar diplomaticamente com a China e com os Estados Unidos, de Joe Biden. Com isso, o Itamaraty deixará de ser o principal propagador de ataques a parceiros e de ser um entrave à obtenção de vacinas e às exportações brasileiras.

Euler Antônio Vespúcio – advogado tributarista

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