Um velho conhecido da etnia Krenak, o Watú – o Rio Doce – está doente. Através de um ritual xamânico, corpo e natureza se unem para um diálogo profético que enxerga uma catástrofe, mas também a salvação do rio.

Histórias como a do curta-metragem “A Cura do Rio”, da diretora e especialista em cinema, Mariana Fagundes, contemplada na 4ª edição do Prêmio BDMG Cultural e Fundação Clóvis Salgado (FCS) de Estímulo ao Curta-Metragem de Baixo Orçamento, recebem investimentos do Governo de Minas Gerais.

O prêmio chega, este ano, à sua 5ª edição, nas categorias Estreante e Não-estreante, e estão com inscrições abertas. De acordo com o gerente e curador de cinema da FCS, Bruno Hilário, a Fundação Clóvis Salgado, por meio da Gerência de Cinema, e em parceria com o BDMG Cultural, criou o edital com o intuito de fomentar a produção cinematográfica em Minas Gerais.

 

Profissionalizando

Inquietação e vontade de expor um material histórico, filmado na beira do rio da comunidade dos índios Krenaks, abordando rituais simbólicos da comunidade para lidar com a tragédia ambiental da Barragem de Mariana, foram os motores que levaram a cineasta Mariana a se inscrever no prêmio na categoria Não-estreante, em 2017.

“Vi a possibilidade de expor um assunto polêmico, que afetou a vida de milhares de pessoas, por meio de um edital que não impõe censuras, de uma forma que em uma mídia tradicional não teria espaço, mas busca formar o profissional de cinema para que ele vá para o mercado com uma experiência de realização prévia”, diz Mariana.

Além do investimento financeiro que recebeu para produção e realização, Mariana conta que a consultoria oferecida pelo edital, com profissionais experientes do mercado, foi fundamental para dar um salto na sua compreensão experiência no cinema.

“É um edital completo, que oferece uma oportunidade única para os novos cineastas realizarem e se formarem ao mesmo tempo”, sintetiza a cineasta.

O cinema de baixo orçamento, enfatiza Hilário, “está ligado a um cinema de invenção e criação a partir das análises do crítico de cinema Jairo Ferreira, que ressalta que a inventividade conta mais do que a técnica em uma produção cinematográfica e destaca como as novas tecnologias acessíveis podem estar a favor de criações a partir de recursos limitados”.

 

Novos realizadores

Nessa esteira da inventividade, a história de Lívia no filme “Sigo Viva”, garantiu à produção um lugar entre os roteiros vencedores na categoria “Estreante”, na 4ª edição do prêmio. Lívia é uma mulher que perde o ar por alguém, metaforicamente, por estar amando, e posteriormente é forçada a ter uma relação sexual com um suposto amigo e acaba se sentindo novamente sem ar, mas dessa vez de forma sufocante e violenta, se afogando na lembrança do abuso.

A conquista abriu portas para a jovem cinegrafista e videomaker, recém graduada em cinema, Letícia Ferreira, e para os integrantes de sua equipe. “Desde cedo eu queria realizar filmes e vinha colaborando com produções independentes. O prêmio abriu muitas portas para mim, sou muito feliz por ter ganho. A equipe também se beneficiou”, frisa.

Com 11 pessoas e 5 diárias pagas para realização do filme, ela contratou uma equipe 100% iniciante. A atriz e roteirista, Luciana Brandão, e a produtora Sarah Tavares tiveram a oportunidade de atuar pela primeira vez em seus papéis.

“É preciso ter foco e persistência, mas oportunidades de estímulo como estas são fundamentais para o diretor e os realizadores em início de carreira”, pontua Letícia.

 

Investimentos

Nesta edição, em 2018, o valor do prêmio dobrou nas duas categorias. A Não-estreante teve os valores reajustados de R$ 15 mil para R$ 30 mil reais; já a categoria Estreante, anteriormente beneficiada com R$ 30 mil, passou a receber R$ 50 mil em investimentos.

“A gestão dos recursos públicos envolve maturidade por parte dos contemplados e essa consciência é parte do próprio processo de formação dos realizadores, o maior objetivo do prêmio. Nessa perspectiva, decidimos investir mais para termos melhores resultados”, acentua Hilário.

Nos últimos dois anos, foram realizadas quatro edições, sendo contemplados 16 cineastas. Receberam o prêmio os trabalhos de Juliana Antunes (“Plano Controle”); Marco Antônio Gonçalves (“Olhos de Inaiá”); Pedro Carvalho (“Na Velha Lagoinha”); Clara Albinati (“Hibiscos Debaixo da Terra”);  Clara Antunes (“Nós Determinamos o que Somos Pelo que Fazemos”); Letícia Ferreira (“Sigo Viva”); Mariana Fagundes (“A Cura do Rio”) e Roberto Cotta e Leonardo Amaral (“Juninho Mizanceni, Príncipe da Grande Área”).

 

Inscrições

As inscrições para o 5º Prêmio BDMG Cultural/FCS de Estímulo ao Curta-Metragem de Baixo Orçamento estão abertas até o dia 17 de maio. Enquadram-se na categoria Estreante cineastas que já tiveram até três filmes exibidos publicamente, e na Não-estreante aqueles que tenham produzido e comprovada a exibição de pelo menos três filmes.

As inscrições podem ser feitas presencialmente na Gerência de Cinema da Fundação Clóvis Salgado ou via Correios, com Aviso de Recebimento (AR) e postagem até a data limite disposta no edital.

Além do valor em dinheiro, os premiados também receberão uma consultoria em produção durante todo o processo de realização de seu filme, auxiliando-os em questões financeiras, burocráticas e outras questões que possam aparecer.

 

Fonte: Segov MG||

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