Assombrado com o fantasma da inflação e preocupado em melhorar as condições de competitividade da indústria nacional, o governo federal tenta ganhar apoio dos Estados nesta luta. O foco principal é a unificação gradual das alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Prestação de Serviços (ICMS), o principal tributo estadual, até chegar a 4%.
Uma das próximas desonerações previstas pela área econômica é a redução do PIS/Cofins para o setor de transporte urbano e etanol. Mas está nos planos conversar com governadores e prefeitos para que o ICMS e o ISS sejam retirados desses mesmos produtos e serviços.
O governo federal acredita que está fazendo a sua parte no processo de reduzir e simplificar a cobrança de tributos no país, e, nos bastidores, cobra uma ação mais efetiva dos Estados. Os técnicos avaliam que as contas de luz, por exemplo, desoneradas na esfera federal no início do ano, poderiam ter caído ainda mais e ajudado a conter a inflação com um esforço dos Estados. No entanto, os governadores alegam que já tiveram grandes perdas de receita de ICMS com a queda promovida pela União nas tarifas de energia, que têm um peso muito grande na arrecadação.
O governo federal está fazendo sua lição de casa. Desonerou a cesta básica, promete trabalhar na redução do PIS e da Cofins sobre diversos produtos, negociou a queda da tarifa de energia, mas eu não vejo os Estados com iniciativas nesse sentido, disse o senador Delcídio Amaral (PT-MS), relator do projeto que cria a alíquota única para o ICMS.
Para o secretário da Fazenda do Estado do Rio, Renato Villela, os Estados já estão dando sua parte na contribuição, ao economizarem no pagamento de juros de suas dívidas. O secretário da Fazenda de São Paulo, Andrea Calabi, acredita que a forma com que os Estados podem colaborar para uma maior competitividade da indústria é investindo na redução do custo, na qualificação de mão de obra, e em desenvolvimento tecnológico.
Conselheiro habitual da presidente Dilma Rousseff, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo diz que é preciso arrumar o atual sistema fiscal dos Estados, que ele chama de um verdadeiro Frankenstein.

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