O Ministério da Saúde lança nesta quarta-feira (8) uma série de diretrizes no intuito de reduzir procedimentos considerados desnecessários e melhorar a qualidade do atendimento durante o parto. As recomendações incluem a adoção de técnicas para alívio da dor e a contraindicação da chamada manobra de Kristeller, que consiste em empurrar a barriga da mãe para auxiliar na expulsão do bebê.

O documento foi apresentado oficialmente às 15h, durante cerimônia pelo Dia Internacional da Mulher no Palácio do Planalto, prevê que todas as maternidades, casas de parto e centros de parto normal do país incorporem medidas para tornar mais humanizado o atendimento à mulher na hora do nascimento do bebê, tais como:

– Liberdade de posição: as gestantes podem escolher a posição mais confortável para ela na hora do parto;
– Dieta livre: jejum não é obrigatório;
– Presença de doulas e/ou acompanhantes;
– Privacidade: respeito  à presença da família e intimidade da gestante;
– Métodos de alívio da dor: banhos quentes, massagem e técnicas de relaxamento;
– Direito ao uso da anestesia – podendo, inclusive, ser reaplicada;
– Contato pele a pele imediato da mãe com a criança após o nascimento;
– Evitar a separação mãe-filho na primeira hora após o nascimento para procedimentos de rotina como pesar, medir e dar banho.

As novas regras também visam a reduzir altas taxas de intervenções desnecessárias, que deveriam ser usadas apenas em alguns casos, mas acabam comumente utilizadas. São elas:

– Episiotomia (corte no períneo);
– Uso de ocitocina (hormônio que facilita a saída do bebê);
– Cesariana;
– Aspiração naso-faringeana no bebê.

“A política lançada pelo Ministério da Saúde busca compreender o parto não só como um conjunto de procedimentos e técnicas, mas como um momento fundamental para a relação entre mãe e filho. Assim, a mulher passa a ser protagonista do seu parto”, informou a pasta, por meio de nota.

A difusão dessas informações, segundo o comunicado, fortalece o empoderamento da mulher nas decisões sobre parto e nascimento, inclusive na capacidade de cobrar o cumprimento das diretrizes dos profissionais de saúde.

Ainda de acordo com o ministério, as diretrizes estão voltadas à prioridade ao parto normal, considerado de menor risco para a saúde da mãe e do bebê, e acompanham as mais recentes evidências científicas. Elas foram elaboradas por um grupo de especialistas e colocadas em consulta pública, com 396 contribuições, sendo 84% feitas por mulheres.

Confira abaixo os principais pontos do documento:

– As mulheres devem ser informadas sobre os benefícios e riscos dos diversos locais de parto (domicílio, centro de parto normal, maternidade);

– As mulheres que optarem pelo parto em centro de parto normal devem ser apoiadas em sua decisão;

– A assistência ao parto e nascimento de baixo risco que se mantenha dentro dos limites da normalidade pode ser feita tanto por médico obstetra quanto por enfermeira obstétrica e obstetriz. A inclusão da enfermeira obstétrica e obstetriz na assistência ao parto de baixo risco apresenta vantagens em relação à redução de intervenções e maior satisfação das mulheres;

– As mulheres em trabalho de parto devem ser tratadas com respeito, ter acesso às informações baseadas em evidências e ser incluídas na tomada de decisões;

– As mulheres devem ter acompanhantes de sua escolha durante o trabalho de parto e o parto, não invalidando o apoio dado por pessoal de fora da rede social da mulher (doulas, por exemplo);

– Mulheres em trabalho de parto podem ingerir líquidos e dieta leve;

– Os métodos não farmacológicos de alívio da dor devem ser oferecidos à mulher antes da utilização de métodos farmacológicos;

– O enema (lavagem intestinal) não deve ser realizado de forma rotineira durante o trabalho de parto;

– A tricotomia (raspagem dos pelos) pubiana e perineal não deve ser feita de forma rotineira durante o trabalho de parto;

– A amniotomia (rompimento da bolsa) precoce, associada ou não à ocitocina, não deve ser realizada de rotina em mulheres em trabalho de parto que estejam progredindo bem;

– As mulheres devem ser encorajadas a se movimentar e adotar posições diferentes da posição deitada, no trabalho de parto e no parto;

– A episiotomia (corte no períneo) não deve ser feita como procedimento de rotina;

– Reconhecer que o período imediatamente após o nascimento é um período bastante sensível, quando a mulher e seus acompanhantes vão finalmente conhecer a criança. Assegurar que a assistência e qualquer intervenção que for realizada levem em consideração esse momento, no sentido de minimizar a separação entre mãe e filho;

– A mulher deve ser informada sobre os riscos e benefícios do manejo ativo e expectante para a saída da placenta, e optar por um deles, salvo em situações onde o manejo ativo é imperativo;

– O pinçamento do cordão umbilical não deve ser feito imediatamente, aguardando-se entre 1 e 5 minutos ou até cessar a pulsação, exceto se houver alguma contraindicação;

– As mulheres devem ser estimuladas a ter contato pele-a-pele imediato com a criança e a amamentar, logo após o nascimento;

– Não se recomenda a aspiração de secreções sistemática do recém-nascido saudável.

 

Fonte: O Tempo||http://www.otempo.com.br/capa/brasil/governo-lan%C3%A7a-novas-diretrizes-para-parto-humanizado-1.1444992

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