No dia em que o Brasil deve atingir oficialmente a marca de 600 mil vítimas da Covid-19, o Ministério da Saúde divulga o planejamento para a vacinação contra a doença em 2022. Os detalhes serão informados em entrevista coletiva do ministro Marcelo Queiroga no fim da tarde desta sexta-feira (8), em Brasília, mas já estão disponíveis em documento enviado à CPI da Pandemia no Senado. 

São estudados três cenários e todos incluem a população a partir de 12 anos. Mas os planos, por enquanto, esbarram no estoque de imunizantes disponíveis no Brasil, que só tem a garantia de 134,1 milhões de doses remanescentes -que ainda serão entregues- de contratos atuais da Pfizer, Astrazeneca e Janssen.

Na primeira opção estudada, é mantido o esquema de duas doses em todas as faixas etárias, com mais uma dose de reforço em quem tem mais de 60 anos. Se esse modelo for adotado, será necessária uma reserva de 391,7 milhões de doses de imunizantes.

A aplicação de uma dose única como reforço é considerada no segundo cenário. Aqui, será preciso um volume de 179,6 milhões de doses, mesmo número da população vacinável no Brasil.

O terceiro quadro do governo traz uma previsão de estoque necessário de 212,1 milhões de doses. No cenário, os brasileiros de 12 a 59 anos receberiam uma dose de reforço, enquanto idosos teriam direito a uma dose da vacina por semestre, ou seja, duas no ano.

Pelo documento, que é uma versão preliminar do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19 para 2022, as doses de reforço serão aplicadas cinco ou seis meses após a segunda dose ou a dose única, a exemplo do sistema adotado atualmente. Não há informações sobre a imunização de crianças.

Esse relatório detalhado foi pedido pelos senadores da comissão na terça-feira (5), dois dias antes de ser aprovado e marcado para o dia 18 de outubro o novo interrogatório de Queiroga na CPI.

Ministério negocia nova compra da Pfizer

No documento, o Ministério informa que ainda espera receber 207,8 milhões de doses de contratos que ainda estão abertos. Desse total, 73,7 milhões estão reservadas para uso ainda neste ano para aplicação em adolescentes, além do reforço em idosos e trabalhadores da área da saúde.

Assim, 134,1 milhões sobram para serem usadas no ano que vem. Para completar o estoque necessário, a pasta informou que negocia a compra de 100 milhões de doses da vacina da Pfizer, com a opção de aquisição de mais 50 milhões, todas para 2022.

Essa negociação ainda é insuficiente para o primeiro cenário estudado pela pasta, que impõe a necessidade de 391,7 milhões de doses disponíveis para aplicar em duas doses em toda a população e mais uma dose de reforço em quem tem pelo menos 60 anos.

Os recursos para a compra das novas doses podem ser reservados dentro dos R$ 7,1 bilhões que o governo federal planeja gastar no enfrentamento da pandemia no ano que vem. A proposta orçamentária, no entanto, ainda precisa ser aprovada pelo Governo Federal.

CoronaVac pode ser descontinuada

O Ministério da Saúde também confirma que pode encerrar o uso da CoronaVac. O documento informa que essa possibilidade é porque a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não emitiu o registro definitivo do imunizante, que no Brasil é produzido pelo Instituto Butantan.

O órgão do governo federal também culpa a taxa de proteção da CoronaVac pela decisão. “Além do fato de estudos demonstrarem a baixa efetividade do imunizante em população acima de 80 anos, discussões na Câmara Técnica que não indicaram tal imunizante como dose de reforço ou adicional, assim, no atual momento, só teria indicação como esquema vacinal primário em indivíduos acima de 18 anos. Há estudos em andamento que sinalizam que mesmo usando em esquema vacinal primário há que se considerar uma terceira dose”, diz a resposta à CPI.

Controle da pandemia

No Plano de Vacinação para 2022, o Ministério da Saúde destaca que cerca de 60% a 70% da população precisa estar imune para controlar a circulação do vírus. Ainda, que será necessária a vacinação de 85% ou mais da população “para redução considerável da doença, a depender da efetividade da vacina em prevenir a transmissão.”

Segundo o consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das Secretarias Estaduais de Saúde, o Brasil tem 69,78% da população vacinada com a primeira dose e 45,57% imunizada com as duas doses ou dose única.

Fonte: O Tempo

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