A dengue tem castigado a Grande BH. A incidência – proporção de casos em relação aos habitantes – da doença é “muito alta” em 32 das 34 cidades da região no acumulado de 2019. Além disso, das 171 mortes em Minas, 64 ocorreram na capital e municípios vizinhos. Ou seja, a cada três óbitos no Estado, um é na área metropolitana.


As informações foram levantadas pelo portal Hoje em Dia com base no mais recente boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES), publicado semana passada. Conforme a pasta, esse é o último balanço do ano, que termina com 483.733 notificações da enfermidade, sendo 276 mil em Belo Horizonte e entorno.


Falta de prevenção, tamanho da população, condições climáticas e até desastres ambientais podem explicar os registros elevados nas localidades. Vale lembrar que este é um ano considerado epidêmico por autoridades e especialistas.
Para a professora e coordenadora de Enfermagem das Faculdades Kennedy, Débora Cristine Gomes Pinto, além do número de moradores da região, o clima influencia. “O mosquito cresce quando tem água limpa e parada. Se por aqui, por exemplo, chove mais, o risco aumenta. Afinal, calor e chuva é a combinação perfeita para o vetor”.


Outros especialistas não descartam uma relação entre o aumento de casos na Grande BH e o desequilíbrio ambiental provocado pela tragédia em Brumadinho, em janeiro. A SES-MG, porém, diz que nenhum indício foi comprovado.

Ações
Por nota, a secretaria diz que adota medidas para conter o avanço das notificações. Além do decreto de situação de emergência em algumas regiões, a pasta elaborou planos de contingência para a prevenção das doenças transmitidas pelo inseto e lançou uma campanha publicitária. O mote foi: “Quando você culpa o vizinho, o mosquito ganha terreno”. Atualmente, mais de 80% dos focos estão dentro de casa.


A SES tem distribuído equipamentos. As bombas costais e manuais, para aplicação de inseticidas, chegaram a 23 municípios. Mais de R$ 4 milhões foram investidos. A medida será feita “em locais não trafegáveis e durante operações de emergência realizadas em períodos de surtos ou epidemias e também nas atividades de bloqueio de transmissão”, informa a nota.


E mais
Soltar o mosquito Aedes infectado com a bactéria Wolbachia também está nos planos para o próximo ano. O Estado terá uma fábrica do chamado “mosquito do bem”, alternativa para bloquear a transmissão da dengue. O laboratório será gerido pelo governo mineiro em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e construído com recursos da Vale, em contrapartida aos danos causados pelo rompimento da barragem em Brumadinho, na Grande BH. Conforme o Executivo, os insetos serão introduzidos em 24 municípios às margens do rio Paraopeba, afetados pelo rompimento da barragem. Os resultados, porém, serão a médio e longo prazos, segundo já informou a secretaria de Saúde.


Além disso
Com a chegada das férias e do verão, alguns cuidados precisam ser redobrados para evitar criadouros e proliferação do mosquito, que transmite, além da dengue, zika e chikungunya. Uso de repelentes e roupas que cobrem boa parte da pele são opções. De acordo com a coordenadora do programa estadual das Doenças Transmitidas pelo Aedes da SES-MG, Carolina Amaral, para quem dorme durante o dia, como bebês, pessoas acamadas e alguns trabalhadores, um mosquiteiro pode ser um diferencial. “Porém, em caso do surgimento de algum sintoma, a orientação é procurar ajuda médica”, recomenda. Os cuidados com a casa também devem continuar. “Cheque sempre se as calhas estão limpas, verifique se a caixa d’água está bem tampada, limpe a bandeja coletora de água do ar-condicionado e geladeira, tampe os ralos e abaixe as tampas de vasos sanitários”.

 

Fonte: Hoje em Dia ||
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