Das cerca de 220 mil crianças que nascem anualmente em Minas Gerais, 30 apresentam fibrose cística. A doença, também conhecida como mucoviscidose, é herdada geneticamente de pais portadores sadios e se caracteriza pelo distúrbio nas secreções das glândulas exócrinas (glândulas produtoras de muco), o que causa deficiências progressivas que podem levar à morte prematura.
?Ela é detectada pelo do Teste do Suor, que é aplicado em crianças selecionadas por meio do Teste do Pezinho?, alertou o pneumologista Alberto Andrade Vergara, chefe da Divisão de Fibrose Cística e Doenças Neuromusculares do Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).
Segundo Vergara, a acumulação de muco nos pulmões acaba por obstruir a passagem de ar, o que propicia o aumento de bactérias e fungos específicos da doença e o possível surgimento de infecções crônicas. ?Trabalhamos para evitar que os pacientes desenvolvam um quadro crônico e assim conseguimos melhorar a qualidade de vida deles?, afirmou.
O HIJPII atende atualmente 158 crianças e adolescentes de dois meses a 18 anos de idade, o que representa cerca de 35,90% dos casos existentes em Minas Gerais. ?Apenas 17% dos pacientes atendidos pelo HIJPII apresentam um quadro crônico de infecção. Um índice muito bom se comparado com outros centros de referência mundial?, frisou Vergara.
Outros sintomas
Apesar de ser englobada num grupo de patologias denominadas Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), que se caracterizam pela obstrução crônica das vias aéreas, diminuindo a capacidade de ventilação, a fibrose cística também apresenta outros sintomas.
?Pode afetar o aparelho digestivo e outras glândulas secretoras, causando danos a outros órgãos, como pâncreas, fígado e sistema reprodutor, e sintomas como sinusite, crescimento inadequado, diarreia e infertilidade?, comentou Alberto Vergara. O nome fibrose cística refere-se à característica cicatrizante (fibrose) e à formação de cistos no interior do pâncreas.
Já no trato gastrointestinal, a falta de secreções adequadas compromete o processo digestivo, levando a uma má função intestinal devido a uma insuficiência pancreática. As secreções no pâncreas e nas glândulas dos intestinos são tão espessas e por vezes sólidas, que acabam por obstruir completamente a glândula. As glândulas sudoríparas, as parótidas e as pequenas glândulas salivares segregam líquidos com teor de sal superior ao normal.
Acompanhamento
Os portadores dessa patologia devem receber acompanhamento em centros especializados de fibrose cística, por uma equipe multidisciplinar composta por médico especialista na área, além de endocrinologista, pneumologista, assistente social, fisioterapeuta, psicólogo e de um dentista.
O tratamento deve ter em conta a idade do paciente e o grau de evolução da doença. Os objetivos da equipe são a manutenção adequada da nutrição e crescimento normal, prevenção e terapêutica agressiva das complicações pulmonares, estimulação de atividade física e fornecimento de suporte psicossocial.

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