O Hospital São João de Deus (HSJD) estabilizou a sua situação financeira, mas ainda está em crise. Na semana passada, a comissão interventora entregou aos vereadores o 1º Relatório de Gestão com o balanço dos nove meses da atual administração do hospital. A comissão interventora assumiu a gestão do hospital em setembro do ano passado e, segundo o relatório, foram encontrados problemas na gestão do bloco cirúrgico, na gestão de receitas do Sistema Único de Saúde (SUS), além de grande volume de ações judiciais e pagamentos de multas e juros, pagamentos atrasados, paralisação de várias clínicas médicas, crescente redução na produção médica, entre outros.

Segundo o secretário executivo da comissão interventora, Geraldo Lucas Lamounier, o relatório mostrou que o hospital tem condições de se reerguer. “Ainda é um hospital que precisa de muita atenção, de muita ajuda, e não sobrevive sem a terceira coluna, que é a filantropia”, afirma. De acordo com Geraldo, é esperado que, em outubro, o hospital esteja com o déficit operacional zerado. Conforme o secretário executivo, mesmo com o déficit zerado, a situação da instituição ainda não estará confortável e não permitirá investimentos no hospital. “É algo bem enxuto, bem discreto, mas mostra que todas as medidas que a nova gestão tomou foram acertadas”, reforça.

A comissão interventora assumiu o HSJD com uma dívida de R$133 milhões, sendo a maior parte desta dívida com a Caixa Econômica Federal (CEF) – R$70 milhões – e R$15 milhões com o corpo clínico do hospital. De acordo com Geraldo, a dívida do HSJD continua em R$133 milhões e será sanada em longo prazo. “Essa dívida não aumentou, mas hoje é impensável o pagamento de uma dívida de R$ 33 milhões”, revela. Além da Caixa Econômica e do corpo clínico, o hospital tem dívidas ainda com a Cemig e a Copasa, que giram em torno de R$8 milhões, além de fornecedores. Segundo o secretário executivo, uma negociação está sendo feita com a Caixa, mas a situação não será resolvida a curto prazo. “Nós nem sabemos quando isso vai acontecer, mas o equilíbrio permitirá ao hospital caminhar a longo prazo para ser uma instituição sem dívidas”, avalia.

Conforme o secretário executivo, a dívida com os médicos é referente a gestões anteriores e foram acumuladas até julho de 2016. Geraldo destaca que, desde setembro do ano passado, os médicos recebem seus salários em dia e a perspectiva é de que, quando o hospital alcançar o equilíbrio financeiro, a instituição comece a quitar esta dívida com o corpo clínico. “Todas essas dívidas serão renegociadas, serão pagas, de maneira alguma a gente pensa em dar calote nesta dívida, que é uma prioridade para a comissão interventora”, garante. Ainda segundo o secretário, será feito um cronograma de pagamento sustentável, a negociação começará em 2018. “Nós vamos fazer o pagamento de maneira sustentável, que permita o hospital a continuar a sua operação, e alguns investimentos que permitam o hospital a crescer”, acrescenta.

Leitos

O secretário executivo destaca que, apesar de o hospital ainda estar em crise, a comissão interventora conseguiu otimizar os leitos. Segundo Geraldo, em setembro de 2016, a instituição tinha 287 leitos com uma taxa de ocupação de aproximadamente 50%, hoje são 326 leitos com uma taxa de ocupação de mais de 90%. “São leitos do SUS e da saúde suplementar [planos de saúde]. A gente cresce o número de leitos e cresce também a taxa de ocupação”, frisa.

De acordo com o secretário executivo, após o déficit zero, o hospital terá a tão esperada Certidão Negativa de Débitos (CND). Após a expedição da certidão, a instituição voltará a receber verbas parlamentares, o que trará investimentos para o hospital. Dos 35 hospitais da região centro-oeste, apenas o HSJD é classificado como nível I polivalente. Segundo Geraldo, após a aprovação do Plano de Ação Regional da Urgência e Emergência, o HSJD será único hospital da região porta estratégica do Ministério da Saúde. A reunião para discutir o Plano de Ação será na próxima quarta-feira (19). “Nós tivemos que nos comprometer com o Ministério da Saúde a abrir novos leitos. Nós teremos que abrir 25 leitos de retaguarda, 15 leitos exclusivos para atendimento de AVC agudo e crônico e teremos uma Unidade Coronariana”, informa.

Transparência

Conforme o secretário executivo, o relatório de gestão foi entregue aos vereadores para mostrar que a comissão interventora trabalhará de forma transparente com a equipe médica, com os parceiros e com a sociedade. “Nós trabalhamos de forma transparente, ‘olha, o hospital tem este tamanho, esta condição e podemos fazer desta forma’. É um hospital que ainda está em crise, que precisa muito da população, que trabalha com três eixos de financiamento, que são o SUS, a saúde suplementar e a filantropia, sem a filantropia, o hospital não se sustenta”, conclui.

 

Fonte: G37||

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