Sob influência dos preços dos alimentos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou o ano passado com alta de 5,90%, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A taxa é a maior desde os 7,60% verificados em 2004. Em 2007, a alta foi de 4,46%.
Segundo o IBGE, o indicador teve uma alta mais concentrada no primeiro semestre do ano, quando foram verificadas as maiores taxas mensais, de 0,79% em maio e 0,74% em junho. Os indicadores davam, então, sequência à alta dos alimentos iniciada em 2007.
O IPCA é o índice oficial utilizado pelo Banco Central para cumprir o regime de metas de inflação, determinado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para 2008, o BC tinha meta de inflação de 4,5%, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou para menos (entre 2,5% e 6,5%).
Alimentos
No ano, os preços dos alimentos aumentaram, em média, 11,11%, resultado superior aos 10,79% de 2007, representando a maior alta dentre os grupos que compõem o IPCA. Os produtos não-alimentícios situaram-se em 4,46%, também acima de 2007, quando haviam aumentado 2,83%.
A alta dos alimentos é atribuída, basicamente, a dois fatores: preços elevados dos produtos cotados no mercado internacional; e aumento da demanda por alimentos – tanto interna quanto externa, diz o IBGE em nota. Da variação de 11,11% do grupo, 8,65% ficaram no primeiro semestre e 2,27% no segundo.
Individualmente, a maior contribuição para o IPCA de 2008 veio de refeição em restaurante, que verificou alta de 14,45% no ano. Em seguida, vieram as carnes, com alta de 24,02%.
Em dezembro, no entanto, os preços dos alimentos mostraram desaceleração. A taxa passou de 0,61% no mês anterior para 0,36%, com destaque para os recuos verificados em carnes (de 2,53% em novembro, para 0,44% em dezembro). O feijão carioca, por ter variado -19,02%, ficou com uma contribuição de -0,06 ponto percentual no IPCA, a mais baixa do mês.
Não-alimentícios
Entre os não-alimentícios, a principal contribuição veio do grupo de despesas pessoais, que teve variação de 7,35% no ano. O destaque ficou com os salários dos empregados domésticos, que aumentaram 11,04%, sendo a terceira maior contribuição individual para o índice do ano.
Outros itens relevantes foram os colégios (4,75%), planos de saúde (6,15%) e aluguel residencial (6,92%).
Por outro lado, alguns produtos contribuíram para conter o IPCA de 2008, apresentando taxas negativas. Os automóveis, com queda de 4,32% nos usados e 2,25% nos novos, foram a principal pressão de baixa no índice geral.
Apesar da queda nos preços da gasolina, os combustíveis fecharam 2008 com aumento de 0,55%, puxados pelo álcool (1,06%) e gás veicular (23,41%). O item contribuiu com 0,03 ponto percentual para o IPCA do ano, em oposição à participação negativa de -0,02 ponto percentual de 2007.
INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), divulgado também nesta sexta, mostrou alta de 6,48% em 2008, superior aos 5,16% do ano anterior. Em dezembro, a taxa foi de 0,29%, resultado 0,09 ponto percentual inferior ao de novembro (0,38%).
O índice, que registra a variação de preços para famílias com renda de um a seis salários mínimos, foi também pressionado pelos preços dos alimentos, que tiveram variação de 11,40%, enquanto os produtos não-alimentícios aumentaram 4,47%. Em 2007, houve alta de 11,91% nos alimentícios e 2,63% nos não-alimentícios.

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