A internet deu a impressão de as pessoas poderem influenciar o destino da sociedade, da política, dos negócios. As pessoas passaram a ter nas mãos, na mesa, no escritório aparelhos para exprimirem opiniões sobre assuntos, mesmo quando elas fossem descabidas, impróprias, não científicas, etc. Também tivemos acesso gratuito, ilimitado e universal a infinitas informações.

As pessoas passaram a acreditar poder ter acesso a todos os segredos de governo, da política, das empresas e, com isso, a ordem da sociedade mudaria e, de vigiados, passariam a vigilantes.

Acontece que nem todas as informações ficaram disponíveis e ocorre classificação, por nível de confidencialidade.

A segurança cibernética criou níveis de acesso para as informações, de acordo com a criticidade. Dessa forma, somente é divulgado para todos às informações públicas, com pouco nível de importância e os dados, considerados restritos, são acessíveis por um seleto grupo pré-definido, sob a guarda rígida de segurança física, computacional e contratual.

Apesar de não acessarem todas as informações, os cidadãos se vêem à volta com milhões de dados, impossíveis de consolidar por uma pessoa comum e somente acessíveis, com critérios de seletividade, pelas grandes organizações públicas e privadas. Assim, nenhum cidadão consegue acompanhar todas as informações recebidas.

A terceira dificuldade dos cidadãos é a profusão de mensagens mentirosas, desvirtuadas, com a finalidade de manipular, distorcer e atingir fins ilegais, chamadas de fake news, com o poder de influenciar pessoas, paixões, posições políticas, etc.

As fake news ganham força com o recurso da informática de compartilhamento de informações, pelo qual os usuários repassam para pessoas de seu círculo de amizade ou familiar, e, assim, são recebidas como supostamente verdadeiras e dignas de crédito.

Essas mensagens mentirosas, fake news, são como um rastro de pólvora, com força para destruir reputações, transformar pessoas inocentes em culpadas, manipular resultados eleitorais para eleger candidatos contrários à democracia.

Os próprios algoritmos das redes sociais contribuem para a profusão das fake news ao direcionar mensagens para as pessoas de mesmo pensamento. Fazem ser repetida uma mentira incontáveis vezes até ela passar a ser considerada uma verdade, apesar dela ter sido manipulada. Ao final, cada pessoa somente deseja conviver na internet com usuários de pensamentos semelhantes, formando nichos homogêneos, e, com isso, reforça comportamentos indesejáveis e anti-sociais, afasta o caráter heterogêneo da sociedade.

Na era informacional, somos todos manipulados pelas informações acessadas ou visualizadas, sendo difícil separar a verdade da mentira, e o que seria uma oportunidade do cidadão influenciar ativamente, nos diversos campos da vida, se tornou uma forma de controle social pelos conhecedores dos recursos digitais.

Euler Antônio Vespúcio – advogado tributarista

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