O deputado federal Jaime Martins (PSD) convocou uma coletiva de imprensa na segunda-feira (7) para detalhar os motivos que o levaram a votar a favor do arquivamento da denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer (PMDB) por corrupção passiva no Supremo Tribunal Federal (STF).

“Muitas pessoas confundem o impeachment da Dilma com essa votação do Temer. A segunda era a possível concessão de uma mera licença temporária de seis meses. Nesse tempo, o governo seria assumido por um presidente interino [Rodrigo Maia (DEM)]. Diga-se de passagem, alguém cujo histórico não é muito diferente do de Temer. Está entre aqueles citados na operação ‘Lava Jato’. Então, acho que não estaríamos sequer trocando seis por meia dúvida. Estaríamos trocando seis por cinco”, justificou.

Jaime afirma que conversou com vários prefeitos do Centro-Oeste antes de definir o voto.

“Votei com a consciência tranquila de que, no meu senso de avaliação, era melhor para o Brasil, neste momento. Acho que a melhor maneira de fazer o combate à corrupção e à impunidade é deixar que o presidente Temer seja julgado pelas instâncias de primeiro grau, no caso o juiz Sérgio Moro, e pela justiça federal de São Paulo. Vai demorar um pouco mais, mas não tenho nenhuma dúvida de que vai acabar primeiro”, pontuou.

Ainda segundo o deputado, no Supremo os julgamentos são “politizados” e se arrastam por muitos anos. “Infelizmente, as decisões do STF, como no caso da Chapa Dilma-Temer, tem sido alvo de inúmeras críticas e dúvidas. Tal situação traz, no mínimo, insegurança ou mesmo certo grau de suspeição em relação às decisões do órgão de cúpula do Poder Judiciário. Até por isso apresentei a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 313/2017), que visa alterar os requisitos para a nomeação ao cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)” informou.

Fato bastante criticado pela oposição, a compra de deputados por meio de emendas parlamentares também foi pauta das explicações do deputado. Ele negou que tenha se encontrado com Temer pouco tempo antes de votar.

“Não houve esse encontro. Eu havia solicitado ao presidente uma agenda há cerca de 60 dias para tratar de dois temas de interesse de Minas Gerais. Um deles é a Lei Kandir, que pode equilibrar as contas do Estado. O outro é o marco regulatório do setor mineral. Entretanto, o presidente marcou pra mim às 17h da véspera do processo. Eu agradeci e disse que não poderia. Ele marcou para 11h30 do dia da votação. Eu disse que infelizmente se eu não podia na véspera, no dia muito menos. Não se trata de desfeita com a grande autoridade que é o presidente, mas não era momento oportuno para nós conversarmos”, ponderou.

Jaiminho ainda afirmou que aguarda uma nova denúncia contra Temer feita pelo procurador-geral da república, Rodrigo Janot. Segundo ele, existe a possibilidade de denúncias mais graves e caso se confirme, votará pela saída de Temer.

“Na minha expectativa, entre 45 e 60 dias, teremos uma nova votação. Vem uma série de denúncias mais graves ainda. Fala-se em uma eventual delação do ex-deputado Eduardo Cunha, novas delações do Joesley que não foram reveladas, do Funaro. É difícil imaginarmos como vai ser. Pela reação popular que tivemos nessa votação, onde meu voto sequer teria possibilidade de decidir. Quando votei o placar já estava selado. É provável, que se vier delações mais sérias, votarei para que Temer saia e vamos ver se a gente tinha razão ou não para ele ser julgado pelo supremo. Por causas mais fortes, pode ser que o Supremo se constranja”, finalizou.

 

(Foto: divulgação)

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