João de Deus foi condenado nesta quinta, 19, a 19 anos e 4 meses de prisão por abusos sexuais contra quatro mulheres. Trata-se de um feito: é a primeira sentença do médium com relação aos abusos em série. Preso há um ano, ele nega ter cometido qualquer crime do tipo. Há, no entanto, denúncias de centenas de mulheres falando em detalhes de atos libidinosos praticados pelo religioso. Ao todo, 600 mulheres apresentaram denúncias ao Ministério Público.

Aos investigadores, diversas vítimas disseram que, para assediá-las, o médium afirmava ter sido marido delas em vidas passadas. Elas também contaram que sofriam uma espécie de “congelamento” e não conseguiam reagir às investidas. Segundo laudo apresentado pelo MP, congelamento é um fenômeno psicológico denominado “imobilidade tônica”, uma reação física de paralisia extrema apresentada por vítimas de abuso. Os advogados de João de Deus admitem que ele tocava as partes íntimas dos pacientes durante o atendimento, mas alegam que os contatos eram feitos sem “libidinagem”.

Nos esforços para garantir a libertação do cliente, a defesa afirma até que João de Deus é impotente desde 2015 e sofre de sérios problemas de saúde, como hipertensão arterial, insuficiência coronária e cardiopatia. Sob a alegação de que ele poderia morrer na prisão por falta de tratamento adequado, os advogados pediram sua transferência para um hospital.

No Núcleo de Custódia de Aparecida de Goiânia, detentos afirmam ter presenciado João de Deus curar um homem “endemoniado’. Há um mês, João de Deus havia sido condenado pela posse ilegal de arma de fogo. Procurado por VEJA, o advogado Anderson van Gualberto de Mendonça não retornou ao contato até o fechamento desta reportagem.

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