A tese de doutorado da formiguense Mariella Silva de Oliveira foi aprovada e agora ela é doutora pela Universidade de Brasília (UnB). A defesa ocorreu no dia 20 de abril.

O tema da pesquisa foi como a imprensa brasileira apresenta as informações sobre alimentação saudável nas páginas dos jornais?

Mariella estudou por cerca de 3 anos e meio o principal jornal do país, a Folha de São Paulo, e o jornal carioca O Dia.

“As pessoas sabem as novidades sobre saúde primeiramente pela imprensa, que pode contribuir para a promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida. Porém, diversos estudos mostram que o jornalismo sobre temas de saúde nem sempre o faz. A nossa pesquisa analisa então, não só os textos sobre alimentação, mas também o discurso dos jornalistas que produziram os textos do jornal regional”, explicou a formiguense.

De acordo com a pesquisa na Folha de São Paulo, houve predomínio do discurso relacionado ao risco à saúde e sua relação com a prática alimentar, nutricional ou de suplementação, como também à gravidez e/ou ao tipo de parto; a saúde é apresentada como mercadoria associada a produtos ou procedimentos, como dietas, suplementos alimentares, medicamentos e cirurgia bariátrica, sem espaço para a promoção da saúde. Já no jornal regional, a editoria de saúde enfoca não só os efeitos de alimentos específicos (seja para prevenção de doenças, no corpo e metabolismo), mas também em recomendações descritas no Guia Alimentar da População Brasileira, priorizando informações sobre alimentos in natura, em detrimento dos ultraprocessados.

O trabalho foi orientado pela professora Ana Valéria Machado Mendonça, do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília. Mariella fez estágio de pesquisa no Canadá, no Centre de Recherche sur la Communication et la Santé, da Université du Quebec au Montreal (UQaM) , sob a supervisão da pesquisadora Lise Renaud. Também participaram da banca de defesa de tese as pesquisadoras Denise de Oliveira e Silva, coordenadora do Observatório Brasileiro de Hábitos Alimentares; a professora da UnB, Dais Gonçalves Rocha, e a diretora da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB, Maria Fátima Sousa.

“Nossa análise aponta considerações sobre os limites e possibilidades de um jornalismo que promova a saúde e a necessidade de monitoramento da mídia, pois ela constrói sentidos sobre a alimentação. Ressalto a importância de se utilizar dados que se complementem e considerem não só o conteúdo dos textos jornalísticos, mas também o processo de produção jornalística”, disse a formiguense.

O manuscrito de 250 páginas produzido pela pesquisadora foi elogiado pela banca que ressaltou o potencial de inovação para o SUS, trazendo uma metodologia de avaliação canadense, inédita no Brasil e desenvolvendo um software específico para realizar a organização dos dados.

Ao final, o doutorado foi aprovado com louvor e recomendado a concorrer a dois prêmios de teses no Brasil e o convite para continuar os estudos em um pós-doutorado em convênio entre a  UnB e a UQaM.

Filha de Romiro Joaquim de Oliveira e Darci Maria Silva de Oliveira, Mariella se formou em jornalismo há 12 anos pela Universidade Federal de Viçosa. Ela é especialista em jornalismo científico, mestre em ciências médicas pela Universidade Estadual de Campinas e servidora pública da Fundação Oswaldo Cruz. Atualmente, a formiguense trabalha na Fiocruz Brasília.

Mariella Silva (A quarta da esquerda para a direita) durante apresentação de sua tese (Foto: reprodução facebook)

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