Os encontros familiares de Natal, aniversários e outras comemorações se tornaram um pesadelo para quatro meninos de 5, 9, 11 e 13 anos de idade, já que todas vezes que participavam destes eventos eram estuprados pelo primo deles, de 18 anos. O suspeito foi preso nessa quinta-feira (15) em Sarzedo, na região metropolitana de Belo Horizonte. O caso foi apresentado pela Polícia Civil nesta sexta-feira (16). 

O delegado Ricardo Cesari contou que o suspeito se aproveitava da proximidade com as crianças por eles terem “crescido” nos mesmos ambientes familiares, e da confiança que a família tinha nele, para cometer os estupros. Para convencer os primos a permitirem os abusos sexuais o suspeito oferecia jogos no celular e videogame. Em outros momentos ele usava de força física e abusava das crianças.

“Quando tinha o consentimento, ele tomava o cuidado de perguntar a criança se ela estava sentindo dor para que elas não contassem aos pais. Já quando era com uso de força ele ameaçava matar os pais das vítimas. Uma metodologia muito cruel usada com as crianças. Ele cometia todo tipo de ato libidinoso possível entre pessoas do mesmo sexo, conjunção carnal, sexo oral, masturbação, beijos e carícias”, conta o delegado. 

O caso foi descoberto em janeiro deste ano quando dois irmãos de 9 e 11 anos contaram para a avó materna sobre os abusos. A avó contou para os pais das vítimas que relataram o ocorrido a outros familiares e as crianças de 5 e 13 anos, que também são irmãos, ao saberem que o assunto circulava na família, se sentiram confortáveis para contar que também foram abusadas. As famílias procuraram a Polícia Civil que começou a ouvir as crianças. 

“A narrativa de todas as crianças era sempre inalterável e era recheada de riqueza de detalhes. Todas as vítimas apontavam com clareza e sem dúvida, mesmo com a idade delas, os locais onde aconteciam os abusos, os eventos da família em que ocorriam e a forma como o suspeito praticava os atos”, enfatiza o Cesari. 

Segundo o policial, foi descartada a possibilidade de narrativa fantasiosa. Ainda de acordo com ele, um irmão presenciava o estupro do outro por alguma vezes. Uma das crianças ficou muito abalada ao relatar os fatos e foi preciso que o depoimento dela fosse interrompido. 

Todas as vítimas passam por acompanhamento psicológico. Elas passaram também por exame de corpo e delito. Segundo o delegado, como os últimos estupros tinham ocorrido há algum tempo não foi possível confirmar os abusos, no entanto, o laudo médico nem confirma e nem nega o crime. 

“O médico legista ouviu as crianças e elas deram as mesmas versões para os abusos e com as riquezas de detalhes, o que já corrobora para a investigação também. O abuso sexual masculino é mais difícil de identificar por não ter uma sequela permanente como rompimento de hímen, que ocorre com as mulheres. Ao final do inquérito, não restou qualquer dúvida de autoria e materialidade dos sucessivos abusos praticado por esse indivíduo contra os seus primos”, conclui Cesari.”, explicou. 

Nas investigações a polícia também ouviu uma tia das vítimas, ela disse que percebeu que o sobrinho estava com um andar diferente um dia na sua casa e o menino disse que estava com dor. Ela encontrou ferimentos e vermelhidão no ânus dele. O que corroborou com a suspeita de estupro. 

Criança perguntou se mãe queria fazer sexo oral nela

A mãe de uma das vítimas contou em depoimento que, durante um banho, o filho questionou se ela não queria fazer sexo oral com ele. A criança, segundo o delegado, por sofrer os estupros desde o início da infância, tinha naturalizado os crimes. A mãe ficou muito assustada e começou a conversar com o filho sobre o ocorrido, mas, na época, ela não conseguiu identificar o abuso do primo. 

A vítima mais velha de 13 anos contou que era abusada desde quando ela tinha 4 anos de idade e o suspeito tinha 10. O abusador tinha a confiança dos familiares então se aproveitava de momentos em que ficava sozinho com os primos para cometer os crimes. 

O suspeito trancava as crianças em quartos das residências, levava elas para terraço e uma das vítimas disse que foi estuprada em um terraço. “Um exemplo, enquanto todo mundo estava na sala, ele entrava com uma criança em um quarto ou subia para o terraço. Apesar de ser adulto atualmente, ele tem uma idade mais próxima das crianças, eles brincavam juntos e a família tinha muita confiança nele”, destaca Cesari. 

Jovem era muito querido na família e não levantava suspeitas

Muito querido pela família e por ser visto como quem dava muita atenção e brincava com os primos, o suspeito do crime não levantava nenhuma suspeita nos familiares. Cesari conta que foi um susto para todos saberem que ele cometia os abusos sexuais. Mesmo após a prisão dele, uma tia ainda não consegue acreditar que ele tenha cometido os crimes. 

O jovem não tem passagens pela polícia. Ao ser ouvido ele negou o crime e disse que quando era mais novo tomava banho com os primos e que eles faziam “brincadeiras e palhaçadas”.

“Ele foi muito sagaz e sabia que o menino de 13 anos daria mais riqueza de detalhes. Ele viu o estupro do irmão de 5 anos no terraço e sobre esse caso, o suspeito falou que os dois estavam brincando de tirar a roupa após verem um vídeo no celular. Ele disse também que se tivesse estuprado os primos, as crianças não iam mais brincar com ele, mas ele não atinou que as vítimas sofriam os abusos desde a formação delas, então passaram a enxergar aquilo como normal”, conclui o delegado.

O suspeito está preso preventivamente. Ele não reagiu a prisão. Se for condenado ele pode pegar de 8 a 60 anos de prisão – considerando que a pena para estupro de vulnerável é de 8 a 15 anos de prisão por cada vítima e no caso dele são quatro. 

Fonte: O Tempo Online

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