O sonho de cursar medicina e estudar em uma universidade pública fez com que a estudante Mariana Silva Vilas Boas, 19, enfrentasse uma concorrida maratona de vestibulares. Mas o medo da mineira de Pouso Alegre, no Sul de Minas, de não passar em nenhum concurso fez a candidata se matricular em 13 e ser aprovada em 11 instituições do país.
Com tantas opções, Mariana escolheu a Universidade de São Paulo (USP) que, segundo a estudante, é a melhor e mais conceituada do país. Vou cursar medicina na melhor universidade da América Latina. Isso é o máximo, disse.
O motivo para tantas inscrições, como contou Mariana, foi a ansiedade que acabou provocando o exagero. Eu sabia que se eu não passasse em uma universidade federal, as coisas seriam mais difíceis. Não tenho condições de pagar uma faculdade particular.
No meio do ano passado, a mineira começava a trilhar o caminho do sucesso realizando as primeiras provas. Fiz apenas duas. Na verdade elas foram o estímulo que eu precisava para ter o foco, contou. Para se preparar, Mariana, que se diz nada disciplinada com os estudos, conseguiu uma bolsa no Colégio Objetivo de Pouso Alegre, onde estudou grande parte da sua vida. Agradeço a base que tive durante todos os anos de escola, relembra. Além dos vestibulares, a estudante também fez a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e teve média 786.
Há uma semana morando em São Paulo, Mariana disse ainda achar estranho a quantidade de aprovações e relembra como foi receber cada resultado. Todo dia era uma tortura. Lembro que no dia que saiu o resultado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) fiquei muito feliz com a aprovação. Senti que tinha acabado com as minhas dúvidas. Depois saiu a USP. Eu já tinha arrumado apartamento para ficar em Belo Horizonte. Não esperava de jeito nenhum passar na USP. Quando vi meu nome fiquei muito feliz. Contei para minha mãe. Até liguei em São Paulo para saber se era isso mesmo. Ainda não acredito, relembra.
Apesar do ótimo desempenho, a estudante disse que pensava que iria fracassar e, por isso, decidiu fazer tantas provas. Durante a maratona, houve final de semana em que ela prestou três vestibulares. Foram três meses de provas. Não estava mais aguentando fazer exames. Na época do vestibular fiquei muito cansada. Mas eu estava muito desesperada e escolhi só as melhores faculdades.
Com o início das aulas no dia 5 de março, a mãe da estudante, a coordenadora de Turismo, Seleny Pereira, 42, relembra a expectativa das aprovações. Eu gritava e chorava muito. Acho que os pais devem apoiar e viver na mesma intensidade que os filhos nesse momento.
Na última escola de Mariana, o diretor-pedagógico do Colégio e Curso Bandeirantes Fernão Dias, Benhur de Oliveira, disse que a surpresa também foi compartilhada pelos colegas e professores. Ela é muito determinada e sempre soube o que queria, mas não imaginávamos tantas vitórias. É raro um aluno conseguir tantas vagas em universidades federais, destacou.
Ainda de acordo com o diretor-pedagógico a procura por vagas no curso aumentou 20% depois da divulgação de que Mariana estudou na unidade.

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