Eram 15h42 quando o telefone do Samu tocou para mais uma emergência. Do outro lado da linha, um homem pedia socorro para a amiga que havia tomado uma dose cavalar de remédios controlados, entre eles os calmantes noctal e rohypnol, além de medicamentos para controle do colesterol. Poucos minutos depois, os socorristas chegam à casa de três andares na rua Vega, no bairro Santa Lúcia, região nobre da capital. Junto com os médicos, surgem policiais, também acionados, às 15h48, pelo mesmo homem. Na mansão, ninguém responde aos chamados e os militares arrombam o portão principal.
Em um dos cômodos, eles encontram a juíza Maria José Starling sobre uma cama. Consciente, ela tem ao seu lado caixas de alguns dos medicamentos que teria tomado. A magistrada, que se transformou em alvo de uma série de denúncias de favorecimento ao goleiro Bruno e de corrupção na venda de alvarás a outros criminosos, não teria suportado o peso do escândalo e ingeriu uma quantidade excessiva de medicamentos indicados para controlar as crises de insônia.
Essa foi a versão dada ontem pelo amigo da juíza que buscou pelo socorro, que se identificou apenas como Bernardo. Através de um e-mail, ele teria sido avisado por Maria José Starling, na última sexta-feira, de que ela cometeria suicídio. Ontem, ao ver a mensagem, correu para a casa da amiga. Antes, teria falado por telefone com a juíza, que confirmou a intenção.
Na casa, como não foi atendido, chamou pelo socorro. Levada a um hospital particular, Maria José permanecia internada até ontem à noite. A Secretaria Municipal de Saúde e a Polícia Militar confirmam a ocorrência, mas o hospital não deu informações sobre o atendimento à magistrada.
Alguns vizinhos acompanharam a retirada da juíza da casa. Em uma maca, Maria José Starling foi colocada na viatura do Samu e levada ao hospital. Na residência ficaram três amigos e o primo da juíza, Jean Starling. Eles confirmaram que ela recebeu o socorro, mas não deram detalhes do que teria ocorrido. Não foi tentativa de suicídio. Ela estava há vários dias sem dormir por causa das acusações, resumiu o primo.

COMPATILHAR: