O governo mandou os bancos públicos, Caixa e Banco do Brasil, cortarem os juros. Os privados seguiram a tendência para não perderem mercado. Só que eles deixaram de fora o maior e mais acionado deles, o do cartão de crédito. Os juros médios em Belo Horizonte dessa modalidade são de 12,81%, segundo dados da Fundação Ipead. Bem acima de outros créditos como o CDC nos bancos, com taxas de 1,94%, e empréstimo pessoal, que girou em 3,69%, em abril, conforme levantamento da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac).
O abismo entre os percentuais mostra que o juro do cartão de crédito foi o único que ainda não caiu no Brasil. Até o empréstimo pessoal em financeiras, com baixa reputação histórica, está com 8,14% de juro mensal, percentual menor que o cheque especial, com taxa de 8,28% em abril deste ano.
O coordenador de pesquisas da Fundação Ipead, Wanderley Ramalho, disse que o juro do cartão de crédito vai ficar uma anomalia no mercado se ele permanecer em patamar tão alto. A taxa de juro do cartão de crédito é exorbitante. Não se consegue ter explicação razoável para o tamanho dele. E, agora, passa a fazer menos sentido ainda, disse.
Para o economista, é a primeira vez que está se discutindo a questão dos juros no Brasil. Eles não têm conceito trivial e as pessoas têm dificuldade em raciocinar com juros, disse. A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) preferiu não falar sobre o assunto. O juro é definido pela política de cada banco, e a Abecs não entra nesse mérito, informou. Como tem aumentado o número de pessoas que usam o cartão de crédito – foram 173,2 milhões, alta de 13% de 2010 para 2011 – a Abecs lançou a nova fase da campanha educativa Você manda no seu bolso com dicas para uso mais consciente do cartão de crédito
Parece ser o que a publicitária Magna Calixto quer fazer, ao planejar quebrar um dos cartões de crédito que tem. A dívida de um deles é de R$ 650 e a do outro é de R$ 700. Nunca olhei os juros do cartão, mas este mês vou pegar um dinheiro que eu ia pagar de uma prestação para quitar a dívida, disse a publicitária, que entra no crédito rotativo do cartão e nunca vê a dívida acabar. A gente deveria fazer uma campanha contra o juro alto do cartão de crédito, disse.
O diretor executivo da Anefac, Andrew Storser, disse que quem compra no cartão de crédito aceita pagar aquele valor da forma como foi cobrada e aceita os juros também. O juro do cartão de crédito não cai há muito tempo. Cedo ou tarde existe uma pressão para que ele caia, disse o executivo da Anefac. Mas Storser disse que a esperança de cair o juro do cartão não é tão rápida assim. Com toda a queda da Selic, que está em 9% ao ano, não se mexeu em nada no juro do cartão, lembra. Ele orienta o consumidor a usar o cartão como última opção.

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