O Supremo Tribunal da Espanha tomou uma decisão nesta terça-feira (24) que permite a exumação dos restos mortais do ditador Francisco Franco de um monumento no país chamado Vale dos Caídos e a transferência para um cemitério perto de Madri.

O Vale dos Caídos virou um lugar de peregrinação para simpatizantes de Franco, general que assumiu o governo em 1939, após o fim da Guerra Civil, e permaneceu no poder até 1975, quando morreu. Depois disso, a Espanha se tornou uma democracia.

Foi do primeiro-ministro Pedro Sánchez, do Partido Socialista, a iniciativa de remover os restos mortais, mas a família de Franco e três entidades entraram na Justiça para impedir a retirada da ossada.

“Apenas os restos mortais de pessoas que morreram em resultado da Guerra Civil Espanhola ficarão no Vale dos Caídos”, disse, em agosto do ano passado, a vice-chefe de governo, Carmen Calvo.

“Um ditador não poder ter uma tumba de Estado em uma democracia consolidada como a espanhola. É incompatível”, declarou Calvo.

Com a decisão, o cadáver de Franco será retirado de uma basílica que fica no monumento do Vale dos Caídos e levado para um cemitério em que fica a cerca de 23 quilômetros ao norte de Madri, onde estão os restos de sua mulher.

Monumento Vale dos Caídos, de onde serão exumados os restos mortais do ditador espanhol Francisco Franco — Foto: Susana Vera/Reuters

O governo garante que vai exumar os restos mortais do ditador assim que o Supremo dê a palavra final. De acordo com o jornal “El País”, não há nenhum impedimento para executar a ação.

Há a possibilidade, no entanto, de a família entrar com um pedido de suspensão cautelar e também questões de licença para fazer alterações na basílica onde Franco está enterrado.

Visitas a Franco

De acordo com o “El País”, o monumento foi construído entre 1940 e 1958. Ele abriga restos de cerca de 36 mil pessoas que morreram na Guerra Civil Espanhola.

Inicialmente, eram somente ossadas de franquistas, mas, depois de negociações com os EUA, Franco, para fazer concessões, também sepultou os republicanos, que haviam sido derrotados na guerra, no monumento.

Em julho de 2018, quando a remoção da ossada se transformou em uma possibilidade real, o número de visitas ao mausoléu aumentou quase 50% em comparação com o mesmo mês de 2017.

Na polêmica também entraram uma centena de militares da reserva e aposentados, que publicaram um manifesto exaltando a figura militar de Franco, o que, por sua vez, suscitou a contundente rejeição de outro grupo de profissionais militares na mesma situação.

 

Fonte: G1 ||
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