O Tenofovir, medicamento importado, de alto custo, utilizado no tratamento de pacientes portadores da aids, passará a ser produzido por um laboratório público no Brasil: A Fundação Ezequiel Dias (Funed).
?Desde que a patente do medicamento acabou, em 2009, a Funed vem trabalhando, em parcerias com os laboratórios Blanver e Nortec, no desenvolvimento do produto. Depois de alguns meses de testes e estudos, solicitamos o registro do medicamento junto à Anvisa e agora estamos prontos para produzir?, comemorou o presidente da Funed, Carlos Alberto Pereira Gomes.
O Ministério da Saúde considera o Tenofovir de interesse para a população e um item estratégico para a saúde pública no país. Segundo dados da Coordenação Geral de Recursos Logísticos do Ministério, o Tenofovir é um dos itens mais caros do programa – corresponde a quase 10% dos gastos de tratamento com DST/Aids – e é utilizado por mais de 30 mil pacientes em todo o país.
Com a produção pública da Funed, no período de quatro anos, o Brasil poderá ter uma economia de R$ 110 milhões. Além da Funed, o Laboratório Farmacêutico Oficial de Pernambuco (Lafepe), em parceria com a Cristália, está desenvolvendo o produto.
O registro, ou seja, a autorização da Anvisa para a produção pela Funed, foi publicado no Diário Oficial da União. De acordo com a chefe da Divisão de Desenvolvimento Farmacotécnico e Biotecnológico da Funed, Sílvia Fialho, a expectativa é de que o primeiro lote seja produzido ainda este ano. ?Esse é um trabalho conjunto, de parceria. Nos testes e desenvolvimento do piloto, a Nortec disponibilizou o ativo, a Blanver e a Funed fizeram a formulação do comprimido?, explica.
Inicialmente, o Tenofovir Funed será disponibilizado em embalagens com 60 comprimidos. ?A fundação terá capacidade para atender a metade de toda a demanda do Ministério. No primeiro ano, esperamos produzir cerca de 13 milhões de comprimidos, com expectativa de chegar, ao final do contrato, a 18 milhões de unidades por ano?, afirma o presidente.
A Funed, laboratório oficial do Estado de Minas Gerais, já produz atualmente outros dois medicamentos antirretrovirais – Nevirapina e Lamividuna mais Zidovudina – que compõem o coquetel de tratamento da Aids. A demanda do Ministério da Saúde para 2011 é de seis milhões de comprimidos de Nevirapina e 13,5 milhões de Lamivudina mais Zidovudina.

Parcerias
O acordo assinado entre a Funed e as empresas prevê a transferência da tecnologia completa para a etapa de produção do medicamento no prazo máximo de quatro anos. Também determina que a Nortec desenvolva e produza o ativo nacionalmente, sem a dependência da importação da matéria-prima. Pelo acordo, até o final do contrato, todas as etapas, desde o desenvolvimento e produção serão feitas na Funed.
De acordo com o presidente da fundação, os acordos firmados entre a Funed e outros laboratórios têm possibilitado a incorporação de novas metodologias e a ampliação do portfólio de produtos. ?Essa é mais uma parceria de sucesso a favor da saúde. Com ela, a Funed avança no desenvolvimento de novas metodologias, a indústria farmoquímica nacional conquista maior adensamento tecnológico, o país ganha em economia e a população se beneficia de uma melhor capacidade de atendimento?, diz Carlos Alberto.
Algumas outras parcerias também foram firmadas pela Funed para produção de outros medicamentos: o Entecavir, outro antirretroviral usado no tratamento da aids, e o Donepezila, usado no tratamento de alzheimer.
Para a produção do medicamento para tratamento de alzheimer (Donepezila), a fundação dará início a um processo de transferência de tecnologia da empresa Cristália. A expectativa é de que o primeiro lote, de aproximadamente três milhões de unidades, seja disponibilizado no segundo semestre de 2011. Outros três milhões serão ofertados pelo laboratório farmacêutico oficial do estado de São Paulo, a Furp, contemplando toda a demanda do Ministério da Saúde.
Para o Entecavir, o primeiro lote prevê a entrega de 300 mil unidades também no final de 2011. Para esse item, a Funed estabeleceu uma parceria com a empresa Microbiológica e será a responsável pelo atendimento de toda a demanda do Ministério.
?Essas parcerias demonstram mais uma vez a competência e capacidade de Minas Gerais e da Funed de ampliar continuamente o fornecimento de produtos de qualidade à população, contribuindo efetivamente para a melhoria da saúde pública de nosso país? afirma o presidente da fundação.

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