*Paulo Coelho

Em agosto e setembro de 2009, a população da região do bairro Maringá se viu envolvida num drama provocado pelo surgimento de doenças respiratórias causadas pela poluição atmosférica resultante da queima espontânea de gás metano, produzido e armazenado no subsolo do local que anteriormente serviu para o descarte de lixo produzido no município.

A extensa área que ficou conhecida como sendo o “Lixão do Maringá”, que funcionou de 1996 a 1999 e que mais tarde, veio a ser provida por ligações asfálticas que interligam os bairros da região, de repente, exigiu do poder público uma série de providências que visavam debelar, ao menos em parte, os riscos que todos sabiam, poderiam gerar e repetir por aqui, tragédia de maiores proporções, como a que ocorreu em situação similar na cidade de Contagem, no triste caso que acabou conhecido como “Tragédia da Vila Barraginha”, incêndio ocorrido em 1992.

Ocorre que o gás metano que ao longo de décadas costuma se formar pela decomposição de matéria orgânica mal acondicionada nos lixões, ao se incandescer até mesmo de forma espontânea, resulta em pequenos focos de incêndio que, se não combatidos com técnica e eficiência, podem resultar em explosões de grandes proporções, deixando o combate “fora do controle”.

No episódio do Maringá, em 1999, a Secretaria de Gestão Ambiental, em conjunto com a Comissão de Meio Ambiente da Câmara, à época liderada pelo então vereador Eugênio Vilela (PV), buscou apoio técnico junto aos órgãos estaduais: Bombeiros, Ministério Público e Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), contando ainda com o apoio de professores do Unifor-MG, na busca de se encontrar formas viáveis, econômicas e de menor risco, para combater o problema.

Estiveram no município à época, dentre outros, Sebastião Bahia – técnico do Núcleo de Emergência Ambiental (NEA) da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Marco Antônio – técnico ambiental da Central de Apoio Técnico (Ceat), do Ministério Público do Estado de Minas Gerais e, em conjunto com a Secretaria de Gestão Ambiental, Corpo de Bombeiros e Polícia Ambiental. Naquela oportunidade foi traçado o plano de ação e o roteiro a ser seguido para que, em pouco mais de 30 dias, se conseguisse debelar o problema e se evitasse danos maiores.

A área inclusive foi totalmente cercada e interditada já que havia a possibilidade de repetição do “fenômeno”. Poços artesianos vizinhos à mesma passaram por análises e um pequeno curso d’água lá existente, da mesma forma, foi analisado e a vizinhança avisada de que até a obtenção dos resultados, a dessedentação de animais ou o simples uso das águas estava proibida.

Agora, essa semana, segundo denúncias de moradores vizinhos da área e que voltaram a reclamar da poluição trazida pela provável combustão de materiais enterrados no local, a partir das fotos obtidas em visita ao local, deduz-se que as evidências indicam que o “fenômeno” pode sim, estar se repetindo, em maior ou menor intensidade, mas que esta constatação, sem dúvida, leva-se a exigir do poder público, a mais rápida e enérgica intervenção para salvaguardar os interesses coletivos dos moradores da região (Maringá, Souza e Silva e adjacências).

 

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