Uma casa lotérica no bairro Floresta, na região Leste de Belo Horizonte, também será investigada por suposto envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro de condomínios da capital. Uma mulher de 54 anos foi presa preventivamente nessa quinta-feira (17), suspeita de ter desviado cerca de R$ 1,48 milhão nos últimos sete meses. 

A suspeita era gerente financeira de uma administradora de condomínios da cidade e lidava com o caixa de pelo menos nove prédios, movimentando mensalmente entre R$ 5 e 6 milhões. Os pagamentos à empresa eram feitos em cheques e descontados na lotérica de um amigo da mulher. 

Ela utilizava o dinheiro para pagar contas pessoais, de familiares e também para comprar artigos como joias e semi-joias. No entanto, a Polícia Civil afirma que a suspeita não levava uma vida de ostentação. 

Lavagem

A mulher era responsável por receber os valores dos condomínios e pagar funcionários que neles trabalhavam. Ela falsificava a assinatura de um dos dois sócios da empresa para emitir os cheques. Após um tempo, o dono da administradora começou a desconfiar dos documentos que constavam a assinatura somente dele e acionou a polícia. 

Funcionários de alguns condomínios às vezes ficavam sem receber o salário, devido aos desvios. No entanto, para que o crime passasse despercebido, a suspeita utilizava o caixa de outros prédios administrados para pagar os valores faltantes aos prestadores de serviços. 

Ao todo, a Polícia Civil estima que cerca de 800 cheques tenham passado pelas mãos da presa desde 2017. 

Falsa caridade

Além disso, ao perceber que o esquema de desvio de dinheiro de condomínios estava dando certo, a suspeita investiu também em outro tipo de crime. A mulher começou a fazer posts nas redes sociais arrecadando dinheiro para comprar cadeiras de rodas e cestas básicas que supostamente seriam doadas para instituições de caridade e assistência social. Os voluntários depositavam os valores na conta corrente da estelionatária. 

O delegado Vinícius Dias, do departamento estadual de Fraudes e Crimes contra a Administração Pública da PC afirma que a suspeita garantiu ter arrecadado até R$ 10 mil dessa forma. Embora não publicasse a relação de instituições que pretendia ajudar, ou fotos dos produtos comprados, a mulher emitia notas fiscais, utilizando as pessoas jurídicas dos condomínios para supostamente comprovar a veracidade das doações. 

Próximos passos

Familiares da suspeita que recebiam valores desviados também serão investigados, assim como o dono e os funcionários da lotérica do bairro Floresta. “Vários parentes podem ter sido beneficiados com esse dinheiro, mas muitas vezes não sabiam que ele era oriundo de fluxo de caixa da empresa na qual ela trabalhava”, afirma o delegado. 

“Funcionários da casa lotérica também podem ter sido beneficiados. Por isso, a investigar a instituição será uma nova etapa para sabermos se eles tinham ciência desses desvios ou se participavam de boa fé”, completa. 

Se comprovado o envolvimento de outras pessoas no esquema, a mulher pode responder por organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e estelionato qualificado. As penas somam mais de 30 anos de reclusão.

Foto: divulgação Polícia Civil

 

 

 

 

Fonte: Hoje em Dia ||

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