O presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu entrar no circuito e dar uma brecada nas conversas entre o PT e o PSDB para a formação de uma aliança na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte. O acordo entre as duas legendas seria feito por meio da indicação do secretário de estado de Desenvolvimento Econômico e Social, Márcio Lacerda, que se filiou ao PSB em setembro, para a cabeça de chapa e do deputado estadual Roberto Carvalho (PT) para vice. No entanto, a exclusão dos aliados e de lideranças do PT mineiro do processo provocou reação contrária. A maior delas foi a do vice-presidente da República, José Alencar (PRB), que na terça-feira se reuniu pela manhã com o presidente para tratar do assunto. Alencar estava acompanhado dos ministros do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias (PT), da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci (PT), e das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), todos mineiros e contrários ao entendimento com o PSDB.
Durante o encontro, Alencar teria reclamado formalmente da maneira como o processo foi conduzido e de ter sido alijado dos entendimentos. É a mesma reclamação que vem sendo feita por Patrus, Dulci e Costa. A primeira conversa de Alencar com Lula ocorreu no domingo de Páscoa, durante a missa de ação de graças celebrada no Palácio do Jaburu (residência oficial do vice-presidente), em agradecimento pela sua recuperação. Nesse dia, Alencar teria dito ao presidente que ficou magoado por ter sido excluído das discussões em torno do acordo na capital mineira. No encontro, o presidente mais escutou do que falou. No entanto, deixou claro que não pretende abrir mão de fazer seu sucessor e que as alianças com partidos de oposição podem ocorrer, desde que não haja repercussão nacional.
A maior preocupação dos adversários da aliança seria com a ascensão do governador Aécio Neves, principal articulador desse acordo, e um dos pré-candidatos do PSDB à Presidência da República. Mas para os tucanos aliados do governador, a avaliação é que Lula não está preocupado com Aécio, e sim que o vice-presidente e os ministros mineiros estão preocupados com o crescimento político do prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, que liderou do lado do PT as conversas para o entendimento com os tucanos, e que tem pretensões ao Palácio da Liberdade em 2010.

Semana passada, o vice-presidente, em reunião com Costa, já tinha manifestado seu desagrado e ironizado o acordo entre PT e PSDB. Nesse dia, ele afirmou que a explicação para não ter sido consultado sobre a possível aliança era o fato de o PRB ser um ?partido pequeno?. Até 6 de abril, data em que o PT da capital se reúne para que os delegados deliberem sobre as alianças eleitorais, devem ocorrer outras reuniões com o presidente para tratar do assunto. Segunda-feira, a direção nacional da legenda vai reunir dirigentes e lideranças do PT de Minas Gerais, entre eles os ministros Dulci e Patrus, para discutir o assunto.

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