O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo que o ministro Guido Mantega (Fazenda) terá que convencê-lo da necessidade da criação de um novo tributo para compensar a perda na arrecadação com o fim da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Lula desmentiu Mantega e disse que não serão feitos cortes nos investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e em programas sociais, como declarou o ministro em entrevista à Folha.
Ele vai ter que me convencer da necessidade disso (do novo tributo). Falou para vocês (da imprensa) agora vai ter que colocar na minha mesa. Eu vou decidir se precisamos ou não precisamos, quero ver todas as contas, declarou o presidente, após votar na sede do PT, em Brasília.
O PT realiza hoje o segundo turno das eleições internas para escolher o presidente nacional do partido. Estão na disputa os deputados Ricardo Berzoini e Jilmar Tatto, ambos do PT de São Paulo.
Em entrevista publicada hoje na Folha, Mantega admitiu pela primeira vez que o governo poderá ser obrigado a fazer cortes em programas sociais e investimentos previstos no PAC para compensar o fim da CPMF.
Mantega explicou que as medidas a serem adotadas para equilibrar o corte de R$ 40 bilhões no Orçamento da União estão em fase de estudos e só deverão ser apresentadas na próxima semana.
ula disse ainda que trabalha com a expectativa de um maior crescimento da economia em 2008 e, conseqüentemente, maior arrecadação por parte do governo.
Não existe nenhuma razão para ninguém ficar nervoso, nenhuma razão para que ninguém faça uma loucura de aumentar a carga tributária. Obviamente, nós vamos ter que encontrar uma saída, porque nós não vamos parar nenhuma obra do PAC, não vamos parar nenhuma política social que estamos fazendo, completou.

Má-fé

O presidente afirmou que os senadores que votaram contra a prorrogação da CPMF não querem que o governo dê certo ou acreditam na teoria do quanto pior melhor. Lula acrescentou que alguns senadores ficaram com medo de serem cassados pelos seus partidos e que, para outros, foi um gesto impensado.

Se foi pensado, foi de má fé de algumas pessoas que votaram contra sabendo que causaram um prejuízo ou de R$ 24 bilhões na saúde ou em quatro anos deixaram que a saúde pudesse chegar dos R$ 40 aos R$ 80 bilhões, declarou.

Lula repetiu o discurso de que, apesar de o governo não ter o número necessário de votos para aprovar a prorrogação da CPMF (49 votos), teve a maioria dos votos no Senado (45) e disse que o resultado foi um gesto democrático. Para o presidente, a relação entre o governo e o Senado vai ficar a mesma, e é necessária independência e harmonia.

Política industrial

Lula disse que a proposta de uma política para o setor industrial só será enviada ao Congresso Nacional em janeiro. Ele afirmou ainda que a discussão da reforma tributária terá mudanças em função do fim da CPMF.

Hoje, Lula viaja à Bolívia e voltará ao país na terça-feira. Na quarta-feira, o presidente se reunirá com os ministros da área econômica para discutir as compensações que serão feitas pelo fim da contribuição.

Tenho uma reunião com os ministros para pensar o que fazer, mas com muita tranqüilidade porque estamos terminando o ano em uma situação muito boa. Não tem crise, não tem susto, temos tudo para começar 2008 com a economia brasileira crescendo um pouco mais, com os empregos crescendo um pouco mais.

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