O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá ficar mais próximo da política e do processo eleitoral de 2012 do que ele próprio anunciou, ao deixar o cargo, em 31 de dezembro de 2010.
Apesar de ter desmarcado uma reunião que estava agendada para hoje com os prefeitos petistas de São Paulo, Lula deve participar ativamente do processo eleitoral do próximo ano em São Paulo e em Minas Gerais.
Nos dois Estados, o PT tem preocupações específicas. Em São Paulo, o PSDB governa há 16 anos. Lula considera a eleição de mais prefeitos petistas um passo fundamental para tentar quebrar a hegemonia tucana no Estado em 2014, na sucessão do governador Geraldo Alckmin (PSDB). A tática ainda teria o objetivo de enfraquecer uma eventual candidatura tucana à Presidência, caso o PSDB escolha o ex-governador José Serra ou o próprio Alckmin.
O principal alvo do PT em São Paulo é a prefeitura da capital, que a sigla deixou de comandar em 2004, com a derrota de Marta Suplicy para José Serra.
Lula teme que a movimentação do prefeito paulistano, Gilberto Kassab, que pretende fundar um novo partido e liderar uma terceira via paulista, agrave o isolamento dos prefeitos petistas no Estado.
A interlocutores, ele manifestou preocupação com a possibilidade de Kassab atrair aliados tradicionais do petismo, como PCdoB e PDT, a tempo de formar chapas para as eleições de 2012.
Em Minas Gerais, ainda não há uma data marcada para uma reunião entre Lula e os prefeitos, mas os petistas mineiros afirmam que ela também deve acontecer.
O Estado, que é governado pelo PSDB há oito anos, tem como principal liderança política o senador e ex-governador Aécio Neves – um potencial concorrente tucano do PT na disputa pela Presidência em 2014.
Nas últimas eleições, prefeitos de vários partidos, incluindo alguns do PT, trabalharam pelo chamado Dilmasia – voto cruzado na presidente Dilma Rousseff (PT) e no governador Antonio Anastasia (PSDB).
Para um petista mineiro, que preferiu não ser identificado, em 2014, não caberá a opção dupla. Os prefeitos terão que escolher. É melhor que eles estejam do nosso lado desde agora, afirmou.
As lideranças do PT mineiro também explicam que a articulação de Lula junto aos municípios mineiros e paulistas não é uma estratégia nacional. Eles entendem que são movimentos com objetivos muito localizados e que podem mudar de direcionamento, dependendo dos rumos do processo eleitoral nos dois Estados.
Ao sair da Presidência, Lula disse estar cansado e prometeu se dedicar a grandes temas, como a reforma política e o combate à pobreza.

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