Uma manutenção programada nos equipamentos da Refinaria Gabriel Passos (Regap) da Petrobras, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, está causando desabastecimento de gasolina em postos da capital e de municípios da região central de Minas Gerais. Com o desabastecimento, o preço do litro do etanol já chegou a R$ 2,399 em alguns postos, equivalente a mais de 80% do preço da gasolina, e revendedores afirmam que pretendem buscar o combustível em refinarias de fora do Estado, com aumento de custo que deve ser repassado aos consumidores.
O abastecimento de gasolina em postos de Formiga e em cidades da região está bastante reduzido. Por causa das obras de manutenção, a refinaria da Petrobras em Betim, que fornece o combustível para vários postos da região, está operando com uma capacidade de 40%.
Um atendente de um dos principais postos de gasolina em Formiga contou que o combustível já está em falta no local há aproximadamente dez dias. Ele disse ainda que é preciso fazer o pedido com antecedência, senão não conseguem receber o abastecimento.
A situação em outro posto de gasolina ainda está normalizada, porém, o gerente confirmou que está havendo um problema de abastecimento em toda a região.
Postos bandeirados em Formiga têm prioridade no abastecimento, conforme informações da gerente de um estabelecimento comercial.
Prejuízo
Em Divinópolis, já está faltando gasolina. Segundo o representante da Minas Petro na região, foi feito o pedido de dez mil litros, mas a distribuidora não realizou a entrega. Ele atribui o problema ao aumento da procura pela gasolina em relação ao álcool.
Risco de desabastecimento
As atividades de manutenção e inspeção da Refinaria Gabriel Passos tiveram início em 31 de julho e, segundo a Petrobras, a previsão é de que sejam concluídas no fim de setembro. Segundo o presidente do Sindicato dos Revendedores Varejistas de Combustível de Minas Gerais (Minaspetro), Paulo Miranda, não há risco de desabastecimento, porque os estabelecimentos estão recebendo o combustível de forma alternada. Se a pessoa não encontrar gasolina em um posto, há uns cinco em volta que vão ter o combustível. Mas tenho prejuízo, porque deixo de vender o produto, salientou.
A Petrobras sugeriu como saída para os comerciantes manterem os tanques cheios buscar o combustível em refinarias de São Paulo – Refinaria de Paulínia (Replan) e Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos – e do Rio de Janeiro – Refinaria Duque de Caxias (Reduc). Com isso, porém, segundo Paulo Miranda, o custo do frete faz o preço do litro do combustível aumentar R$ 0,12 para os distribuidores. Alguns postos já repassaram esse custo para o consumidor. Outros ainda não, afirmou o empresário.
Mas ele lembra que, devido ao tempo previsto para a redução e consequente redução do fornecimento pela Regap, em algum momento a maioria dos comerciantes terá que repassar o aumento para o preço na bomba. O justo seria fazer uma média. Se tem 60% do estoque fornecido pela Petrobras e 40% de Paulínia ou outra de fora, o posto vai repassar só parte desse frete, avaliou. O problema é ainda mais grave para os postos chamados bandeira branca, que não têm contrato com fornecedores fixos e dependem do que sobra para receberem o produto.
Segundo a Petrobras, a manutenção, exigida pelo Ministério do Trabalho para garantir a integridade dos equipamentos e consequente segurança dos funcionários, fará o fornecimento ser reduzido em cerca de 25%, de uma média de 160 mil metros cúbicos para 120 mil metros cúbicos por mês. Segundo a empresa, foram feitas reuniões com as distribuidoras em abril e apresentadas as alternativas para o atendimento ao mercado durante o período da manutenção.
Escassez de gasolina
Com a disparada do preço do etanol, que subiu mais de 30% nos postos de combustível desde o início do ano, os motoristas migraram em massa para a gasolina, provocando escassez do produto. Chegou a faltar gasolina em cidades do país, a Petrobras e os usineiros chegaram a importar gasolina e etanol.
A situação é resultado da queda da produção de etanol, provocada pela entressafra da cana e pela alta do preço do açúcar, mas reflete também um problema estrutural do Brasil. Com o aumento da frota de veículos e o crescimento da economia, e sem investimentos compatíveis na produção de gasolina, diesel e etanol, o país começa a viver um ?apagão? de combustíveis.
O consumo de derivados de petróleo (gasolina, diesel e nafta) ultrapassou a produção local, impulsionando as importações, que ficam cada vez mais caras com o aumento do preço do petróleo lá fora. Em geral, a Petrobrás prioriza a produção de gasolina localmente e concentra as importações em diesel e nafta.
A situação vai provocar um déficit de US$ 18 bilhões na balança de derivados de petróleo este ano, conforme projeção da RC Consultores. Em 2010, as importações de derivados ultrapassaram as exportações em US$ 13 bilhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento. Em 2000, o rombo era de US$ 3,2 bilhões.
Diferente do ?apagão? de energia elétrica, que interrompe a produção nas fábricas e deixa as cidades às escuras, a falta de combustível é sanada com importações, desde que a situação não seja muito grave.

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