Em entrevista coletiva, realizada na semana passada, a secretária de Cultura, Elizabeth Baptista e a adjunta, Maria José Boaventura justificaram uma série de providências e inovações por elas planejadas para aplicação naquela pasta, na atual gestão.
Maria José (adjunta), a certa altura da entrevista, quando interpeladas a respeito da demora de soluções para problemas ali mencionados, respondeu afirmando que a atual gestão havia encontrado a secretaria, praticamente, ?desmantelada?. ?Estamos trabalhando nesses quatro meses, organizando todo um cronograma. Tanto a Emmel, quanto a Emart são escolas de arte e não clubes de entretenimento. É preciso que haja um processo didático(…)?. [matéria completa na edição Nova Imprensa, 845 ? pág.5].
Como a coletiva ocorreu na quinta-feira passada (25) e não nos foi possível ouvir a ex-secretária Maria Andrada, esta semana, entramos em contato com ela e ao sabermos de sua não concordância com muito daquilo que foi dito pelas entrevistadas (Elizabeth e Maria José), seguindo a norma ética e a boa conduta jornalística, disponibilizamos à ex-secretária o espaço que ela julgasse conveniente para defender-se assim como aos que com ela militaram na Secretaria de Cultura.
A seguir, na íntegra a correspondência a nós dirigida pela ilustre ex-secretária:
Senhor jornalista:
Venho através desta solicitar, formalmente, que minhas informações sejam disponibilizadas para todos com o intuito de esclarecer declarações superficiais de quem desconhece os verdadeiros fatos e ações executadas durante anos pelo executivo da cidade de Formiga em prol do bem de todos, na área da CULTURA. Aliás, não foram poucas as ações culturais em que nunca registramos a presença da equipe atualmente gestora da Cultura em Formiga. É importante ressaltar que quem gosta e acha Cultura fundamental, participa sempre dos mais diversos eventos culturais que se apresentam, independente de serem propostos pela política tal ou qual, independente de gostarem ou não. Se há desejo de ver ou participar de algo que enalteça ou recrudesça a Cultura, com certeza, quem acredita está lá, de alguma forma apoiando ou apenas observando para criticar, mas está lá. Quem realmente defende e apoia a Cultura de um grupo, de uma cidade, de um estado ou país, está sempre presente e participando de tudo o que se relaciona com o que acredita, além de ser coerente em seu cotidiano com o que pensa e prega.
Tenho visto por aí, em outras cidades também, o que me dá muita pena: pessoas que se vendem politicamente, inclusive por muito pouco e para satisfazer vaidades individuais completamente banais. Também tenho pena de pessoas que por não terem brilho suficiente se preocupam em apagar e desqualificar os que tanto se esforçam por fazer crescer as possibilidades a todos e estender teias tão restritas a grupos menos favorecidos que merecem ser tratados como iguais. Como é distante o discurso da prática! Como é triste o egoísmo e o narcisismo! Como é ridícula a arrogância! Como é injusta a prepotência! Como é risível a vaidade enciumada e boba! Fazem todos um papel ridículo e acham que ninguém percebe… São justamente os mais simples, os que mais percebem. E percebem porque têm pureza de alma e de intenções. Porque são autênticos.
Tive a rara chance de criar caminhos para o crescimento da Cultura em nossa cidade e tenho certeza de que o que fizemos ? e escrevo FIZEMOS porque sempre entendi e trabalhei como equipe ? com a maior dedicação e empenho possíveis, fizemos com todo carinho e cuidado, sempre colocando os cidadãos como os maiores beneficiados de nossos trabalhos e não os bolsos de alguns. Tudo o que fizemos sempre foi o máximo que podíamos dentro do que se afigurava a cada ano. Foi uma felicidade ter tantas vezes parceiros com o mesmo pensamento, com os mesmos propósitos, com a mesma paixão e com a mesma dedicação desprendida dos que sabem que estão no caminho certo. Em razão deste desprendimento e desta paixão é que conseguimos tanto.
Hoje, quando ouço e leio as injustas afirmações sobre nosso tão belo trabalho não me enfureço nem deixo que a raiva me alcance: tenho a segurança e a certeza do trabalho e do legado dedicado e rico que ficou. (Se alguém tiver paciência tenho tudo registrado por escrito). Todos que tiveram a chance de participar e enxergar concordam com o que digo e com toda a certeza não serão injustos ao julgarem. É claro que não há nenhuma perfeição, tampouco esgotamos as possibilidades. De jeito nenhum. Erramos algumas vezes, não pudemos fazer muito do que desejávamos, porém, tudo o que tivemos possibilidade de fazer foi feito. Algumas coisas aos trancos e barrancos, mas foram feitas. Com sangue e suor, com amor e convicção. Por ideologia e não por vaidade.
Mesmo eu não sendo do PT, tenho muito orgulho de ter feito parte do governo do prefeito Aluísio Veloso do PT e de ter recebido dele tanta confiança e apoio. E este apoio sempre foi pelo que ele acreditava ser importante e não pelo que pudesse aparecer ou ganhar mais votos. A prova disto é que raramente esteve nos palanques de eventos que poderiam lhe dar retorno nas urnas. Alguns achavam até estranho, mas quem sabia de suas convicções e desejos para a cidade entendia suas atitudes. Com todo o respeito e admiração que os prefeitos anteriores e também o posterior merecem, é fato claro e facilmente constatável que ele, Aluísio Veloso, em oito anos, alcançou avanços e fez tanto pela cidade que nunca se conseguiu em outras eras. Foi também um prefeito que sempre respeitou seus funcionários e todos os cidadãos da cidade, tentando garantir os mais básicos direitos de cada um e criando oportunidades em todos os segmentos. Além disso, e principalmente, o prefeito Aluísio Veloso sempre escolheu ser um homem digno, correto e humano, com uma visão aberta e democrática buscando uma administração política transparente e justa, não se deixando levar por punhados de dinheiro oferecidos aqui e ali em troca de subserviência. A convivência mais estreita ao trabalharmos juntos nesta administração me fez enxergar o quanto ele ama a cidade e o quanto ele realmente se empenhou em torná-la um lugar melhor para todos. E não é isso que todos queremos? Um lugar melhor para nossos filhos crescerem e não precisarem sair para terem melhores oportunidades? Ou será que alguém acha que o que queremos é dar dinheiro para um pequeno grupo acostumado a se aproveitar da ingenuidade ou da vaidade de alguns.
Sou do tempo em que escolhíamos nossos partidos por ideologia, por afinidade com os pensamentos que os moviam. Lutávamos por interesses que acreditávamos ser de todos e que trariam benefícios a todos. Ideais realmente democráticos e comprometidos com a democracia. Preocupações e compromissos com questões pontuais e importantes, seminários para discussão de temas importantes, com profissionais altamente qualificados e um aprofundamento de conteúdos quase acadêmico, de alto nível. Esses fatos sempre foram estímulos para mim e reforçavam minha vontade de participar dos destinos políticos de uma comunidade, de uma cidade. A seriedade das discussões sempre foi tão grande que os eventuais dissabores ficavam diminuídos e tornavam-se insignificantes. Mas a realidade não é mais essa e encontro-me, hoje, bastante sem motivação.
Ando muito decepcionada com a política em geral. Alguns partidos dobrando-se a interesses menores que privilegiam uma minoria, completamente enfeitiçados pela conversa morna semelhante àquelas de antigos ?coronéis? estudados enrolando peões que não tiveram a chance de estudar e acreditavam nas falácias e sofismas apresentados. Angustia-me ver dentro de alguns partidos, atitudes de politicagem que achei já não existirem mais. Eu achava que em partidos onde o nível intelectual e de comprometimento dos membros com questões mais sérias e realmente importantes é realidade, isso não permitiria a prostituição típica de partidos menos esclarecidos e sem objetivos definidos ? as famosas legendas de aluguel. Que pena ter me equivocado. Que pena estar presenciando em tantos partidos, inclusive em esfera estadual e federal, estes escambos políticos e traições que só tiram a força do grupo e levam a uma falsa sensação de poder que eles não enxergam agora, mas, que não tem bases firmes, raízes sérias e, por isso, tendem a sucumbir a qualquer momento ? é o famoso tiro no pé.
Agradeço a atenção e deferência com que sempre fui tratada mesmo pelos adversários e lamento muito não podermos estar no mesmo caminho. Torço para que a cidade e seus cidadãos que tanto trabalham para vê-la melhor não se decepcionem com o Executivo que colocaram no poder e que precisa ser acima de tudo honesto, transparente, civilizado e justo.
Torço por nossa cidade!
Torço por nós, corretos e dignos cidadãos que só queremos morar em um lugar melhor!
Obrigada a quem teve a paciência de ler estas palavras e um pedido: Se você é correto e deseja o bem de nossa cidade, seja um cidadão ativo, participe de tudo o que puder e dê sua opinião. O mundo precisa de discussões que gerem crescimento. O mundo precisa que os bons se unam!
