A ex-senadora Marina Silva anunciou que fará campanha para pressionar a presidente Dilma Rousseff a vetar o novo Código Florestal, cujo projeto foi aprovado nesta quarta-feira (23) pela Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado. A matéria ainda precisa ir ao plenário da Casa e depois voltar para nova análise na Câmara antes de seguir para sanção (ou veto) presidencial.
Segundo Marina, que acompanhou a discussão do texto na CMA nesta quarta, o novo código concede anistia aos desmatadores.
Diante do que aconteceu aqui, só nos resta a campanha para que a presidente Dilma cumpra com o acordo que assumiu com a sociedade brasileira de que vetaria qualquer anistia para desmatador, afirmou Marina, que concorreu à Presidência no ano passado contra Dilma.
Marina reclamou da pressa na aprovação do relatório apresentado pelo senador Jorge Viana (PT-AC). Foi aprovado de forma açodada, 201 emendas foram apresentadas ao relatório do senador Jorge Viana e foram apreciadas em menos de duas horas. Então foi uma votação açodada, disse.
O relatório foi apresentado na segunda-feira (21), com um dia só de intervalo [para a votação] e foi aprovado com anistia para desmatadores, completou.
Viana acatou modificações sugeridas por parlamentares da bancada ruralista que permitem a grandes proprietários rurais que desmataram sem autorização ou licenciamento até julho de 2008 ter a multa convertida caso façam a recomposição da área degradada.
No texto original, o benefício era concedido apenas a pequenos agricultores e donos de terras com até quatro módulos fiscais autuados por desmatamento até julho de 2008.
Voto contrário
Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), único senador da CMA a votar contra o relatório de Viana, disse que o novo Código Florestal é um retrocesso. Assim como Marina Silva, ele afirmou que o texto concede anistia aos desmatadores.
O texto trouxe uma moldura verde, mas mantém todo o retrocesso, mantém o crime da anistia a quem desmatou até julho de 2008.
Randolfe afirmou que vai tentar impedir a aprovação do texto no plenário da Casa, e caso não consiga, pedirá à presidente Dilma Rousseff que vete a proposta. Vamos ao plenário continuar a resistência porque esse texto vai na contramão do mundo, que pensa em preservar as florestas e o meio ambiente para as gerações futuras. No Brasil estamos institucionalizando o desmatamento. Vamos pedir à presidente que vete o texto.
Se o relatório fosse ruim teria sido rejeitado, teve apenas um voto contra, contrapôs Jorge Viana. Não tem anistia nesse relatório que eu apresentei. O que tem é a oportunidade do Brasil resolver um problema que ninguém resolveu, completou.

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