O erro no caderno amarelo da prova aplicada no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no sábado (6) está causando polêmica. A Defensoria Pública da União anunciou nesta segunda-feira (8) que vai recomendar ao Ministério da Educação e Cultura (MEC) que uma nova data seja marcada. Mas somente a prova aplicada no sábado deve ser anulada.
O defensor público federal, Ricardo Emílio Salviano, disse que a falha na impressão dos cabeçalhos dos gabaritos da prova de sábado feriram o ?princípio da isonomia? entre os candidatos. Segundo Salviano, em alguns locais de prova foi verificada que a comunicação dos candidatos se deu após uma hora do início da prova. Para a DPU, isso fez com que alguns candidatos já tivessem respondido de forma errada.
?Ficou verificado efetivo prejuízo em virtude da quebra da isonomia entre os candidatos que preencheram o gabarito de forma errada e foram lesionados porque, de acordo com o direito à informação, eles deveriam ser informados no momento oportuno e da forma adequada? , disse.
Além disso, o defensor público federal afirmou que as falhas na montagem e na repetição de questões do caderno de prova amarelo ? também aplicado no sábado ? foram outro motivo de prejuízo aos inscritos no exame. ?Lesionou o direito dos candidatos, uma vez que realizaram uma prova com incorreções que certamente ocasionará um prejuízo para todos esses candidatos? , afirmou Salviano.
Para o defensor público federal, as soluções estudadas pelo MEC e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) ferem a isonomia entre os candidatos. Para minimizar as falhas foram propostas a inversão da correção das provas de quem preencheu o gabarito errado, além da possibilidade de aplicação de nova prova a cerca de 2 mil alunos que fizeram a prova amarela.
Na recomendação feita ao MEC, a DPU pediu ainda que seja permitido aos inscritos pedir vista das provas e entrar com recursos. Nenhuma das duas possibilidades estava prevista no edital. A Defensoria já divulgou um e-mail, para o qual os prejudicados devem encaminhar nome, local da prova, falhas encontradas e orientação do fiscal quando o erro foi relatado. O endereço é [email protected].
Presidente do Inep ´não considera´ anulação do Enem
O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Joaquim José Soares Neto, disse também nesta segunda-feira (8) que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não deve ser anulado, apesar dos problemas verificados no fim de semana.
Na entrevista, Soares Neto disse que, no sábado, o Inep teve uma atuação rápida em relação aos erros nos cadernos amarelos e orientou os fiscais a trocarem as provas. Em relação ao gabarito, passamos informação clara e precisa para seguir a ordem numérica [na folha de respostas] , afirmou.
Ele ainda falou sobre a nota divulgada pela gráfica RR Donnelley Moore, que imprimiu as prova. De acordo com Soares Neto, a gráfica assume a responsabilidade pelos cadernos amarelos e diz que vai adotar as medidas necessárias para solucionar os problemas e garantir os direitos dos estudantes que teriam sido prejudicados.
O presidente do Inep ressaltou que deve ser aberta uma página na internet, a partir de quarta-feira (10), para os alunos que preencheram a folha de respostas seguindo os cabeçalhos solicitarem a correção invertida. O sistema vai funcionar até o dia 16.
Sobre o caderno amarelo, ele disse que o Inep ainda está estudando a possibilidade de reaplicar a prova para os estudantes que foram prejudicados e evitou falar sobre o número de inscritos que realmente ficaram com o caderno errado. A nova prova deve acontecer entre o fim de novembro e o início de dezembro.
Os erros no Enem
No caderno aplicado no sábado (6), as primeiras 45 questões eram de ciências humanas e suas tecnologias e as outras 45 de ciências da natureza e suas tecnologias. No caderno de respostas, o primeiro subtítulo, referente às primeiras 45 respostas, era de ciências natureza. E, depois, havia o anúncio das respostas de ciências humanas.
Em relação às provas amarelas, os inscritos reclamaram que faltavam algumas questões, que outras estavam duplicadas e que questões diferentes estavam a mesma numeração. Além disso, havia perguntas da prova branca misturadas no meio do caderno amarelo.
O Inep informou que a abstenção nos dois dias de prova ficou dentro do esperado. No sábado, o índice foi de 27% dos inscritos. No domingo, 29,2%. De acordo com o Inep, 3,3 milhões de estudantes fizeram provas no fim de semana.

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