Um áudio que circula no WhatsApp alerta sobre uma variação mortal do vírus da gripe suína que estaria circulando em Goiânia (GO). Uma voz feminina diz que dois médicos já morreram infectados e que a Organização Mundial da Saúde (OMS) não quer que a informação seja divulgada à população.

A mulher questiona, no mesmo áudio, a eficácia da vacina disponível, a partir desta segunda-feira (23), nos postos de saúde para o público prioritário. Diz não saber se a rede pública usa a vacina de 2017, que não está atualizada com as variações de influenza que circulam neste ano no país.

Ainda pelo WhatsApp, circula outra mensagem – esta de texto – divulgando que o chá de erva-doce tem a mesma ação do Tamiflu, o único medicamento antiviral disponível atualmente para tratar a gripe. No Facebook, o alerta é de um novo vírus, o H2N3, que estaria circulando no Brasil provocando mortes.

 Se você receber alguma dessas mensagens, é melhor ligar o alerta vermelho porque elas não passam de fake news (notícias falsas, em inglês), que apenas servem para provocar pânico.

Nos últimos dias, o Ministério da Saúde divulgou um comunicado esclarecendo a população que não existe vírus influenza H2N3. “Existe, sim, o vírus H3N2, em circulação”, diz o médico infectologista Antônio Carlos Toledo Júnior, professor da Faculdade de Medicina Unifenas.

A enfermeira Janaina Fonseca Almeida, diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG), explica que são três os principais vírus da gripe em circulação no país: o influenza A H1N1, o influenza A H3N2 e uma variante do influenza B. Os três, explica a enfermeira, estão na composição da vacina disponível, a partir desta segunda-feira, na Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe. A diretora diz que vacina ofertada na campanha de 2017 já foi recolhida, e que as remessas do imunizante para 2018 já começaram a chegar ao Estado.

Quanto ao chá de erva-doce, os especialistas ouvidos alertam que ele não funciona como o antiviral. “Não há nada que comprove cientificamente (que o chá funciona como o antiviral). Além disso, o chá de erva-doce não contém o princípio ativo do Tamiflu”, explica Toledo Jr. “O chá funciona mais para hidratação”, diz Janaina.

Campanha

 De 23 de abril a 1º de junho, as pessoas que fazem parte do grupo prioritário podem ser vacinadas gratuitamente contra a gripe nos postos de saúde. Na rede pública, a vacina disponível é a trivalente (contra três tipos de vírus). Quem não faz parte da população-alvo pode, se quiser, vacinar na rede particular, que, além da trivalente, disponibiliza a vacina quadrivalente (contra quatro tipos de vírus). Os preços na rede particular variam entre R$70 e R$140.

 Prevenção

 Além da imunização, é importante que as pessoas reforcem algumas medidas de prevenção, como cobrir a boca e o nariz ao tossir e ao espirrar, evitar compartilhamento de objetos pessoais e usar álcool-gel nas mãos.

 Abril é o momento ideal para tomar a vacina, orientam especialistas

O médico José Geraldo Leite Ribeiro, professor aposentado da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, alerta que é importante se vacinar neste mês, antes do inverno, para prevenir complicações respiratórias como pneumonias, entre outras doenças crônicas.

“Caracteristicamente, este é um período em que as pessoas lavam menos as mãos, ficam mais em ambientes fechados etc. Além disso, no inverno, o ar está mais frio e há menos água dissolvida nele. Com isso, o vírus sobrevive e continua infeccioso no ar por mais tempo, o que possibilita que seja transmitido com mais eficiência”, diz o médico infectologista Adelino de Melo, consultor médico do Grupo São Marcos, de Belo Horizonte.

Segundo Melo, a vacina demora de dez a 15 dias para garantir a proteção. “Vacinando agora, o organismo estará preparado antes do inverno”, ressalta. O infectologista explica que o vírus influenza está sempre em circulação nos países tropicais, sendo a sazonalidade mais evidente em locais com inverno mais rigoroso.

O advogado e analista ambiental Alexandre Magrinelli, 42, segue à risca a recomendação. “Antes, eu me vacinava por motivo de trabalho, porque ia a eventos internacionais”, conta. Por conta do trabalho, ele conseguia a vacina nos postos de saúde. “Quando parei de viajar, comecei a fazer por conta própria por segurança, para me cuidar”, conta. Hoje ele toma a vacina na rede particular. “Acabou que todos (da família) adotaram o hábito de se vacinar. Ficamos mais protegidos”, afirma.

 

COMPATILHAR: