O jornal Nova Imprensa foi informado na manhã de terça-feira (17), que os médicos que atendem no Pronto Atendimento Municipal (PAM) haviam paralisado o atendimento (estado de greve) tendo os pacientes sido informados que só os casos graves seriam atendidos.
De fato, vários pacientes que ali se encontravam, já que nos postos de saúde o atendimento tem sido precário (apenas 15 fichas por dia são distribuídas)- deixaram o local com o apoio da PM, chamada para controlar a situação.
A equipe do jornal se deparou com a paciente Taís Kelly Leal, de 21 anos, em prantos, em virtude das dores que a acometiam e que não sendo atendida, aguardava nas ?aconchegantes e confortáveis? instalações do corredor (varanda) destinada aos que são obrigados a se sujeitarem às horas de espera que normalmente antecedem aos atendimentos. Ela nos relatou que fez o exame médico solicitado por volta das 7h e estava no PAM desde às 9h, sentindo com fortes dores no pescoço. ?Tem médico aí, mas nos falaram que ele só ia atender os casos de urgência e emergência?.
A mãe da paciente, que a acompanhava,afirmou que a Polícia Militar esteve mais cedo no local. ?Falaram que seriam apenas casos em que os pacientes estivessem com febre que seriam atendidos. Vão esperar a minha filha dar febre? Ela chegou até a entortar as mãos?, afirmou.
Flávia de Deus também esteve no PAM buscando atendimento para o filho. Ela relatou que juntamente com outra paciente, depois da notícia do não atendimento, se dirigiu ao edifício Antônio Vieira, sede da Secretaria de Saúde, para reclamar sobre a possível paralisação e que, em seguida, a secretária de Saúde, Maria Inês Macedo esteve no PAM numa reunião, que durou aproximadamente 15 minutos.
?Meu filho passou mal a noite toda. Esperei aqui por volta de 40 minutos. Fomos informados pelas enfermeiras que os médicos haviam entrado de greve, do nada, por falta de pagamentos. Várias pessoas voltaram para casa. No Posto de Saúde do Nossa Senhora de Lourdes, temos que chegar 2h da madrugada para pegar uma ficha. Por isto é que estou aqui!?, explicou Flávia que contou ainda que uma enfermeira lhe informou que se os pacientes fizessem ?barraco? no local, ela (a enfermeira) acionaria a Polícia Militar.
Uma senhora, bem idosa, de nome Jandira, após ser informada da paralisação, procurou a Ouvidoria Municipal.
A dona de casa Rejane Maria Pereira esteve no PAM com o filho dela, de 1 ano e 3 meses, que está com febre há 3 dias e igualmente foi dispensada. ?Estive aqui às 8h e fui informada de que os médicos estavam em greve. Fui embora e retornei ao PAM novamente (10h15)?.
No momento, em que dois médicos deveriam estar no local, apenas um se encontrava no PAM. Enquanto o jornal lá esteve, os pacientes que aguardavam o atendimento do lado de fora, todos, acabaram sendo rapidamente conduzidos para o interior do PAM, com a promessa de serem atendidos de imediato.
Com o único médico que estava de plantão naquele momento, obtivemos a informação de que ele é contratado pela Santa Casa, uma vez que o serviço médico do PAM foi terceirizado pelo município.
Após ouvir e gravar os relatos dos pacientes não atendidos num primeiro momento – (disponibilizados no portal Últimas Notícias) – a equipe do jornal se dirigiu à sede da Secretaria de Saúde, no Edifício Antônio Vieira, para que, cumprindo o que recomenda a boa prática da ética jornalística, possibilitar o contraditório, ouvindo a responsável pela pasta diretamente envolvida com a questão.
Porém, mais uma vez, a informação obtida foi a de que Maria Inês (secretária) não se encontrava no edifício e que a sua adjunta, Maiára de Freitas, que lá se encontrava, havia informado que não poderia atender a equipe do jornal.
Como dito, não foi esta a primeira vez que nossa reportagem encontrou dificuldades para obter informações de interesse públiconaquela secretaria.
Mais tarde, após o contato com a Secretaria de Comunicação, nos foi enviada a seguinte nota: Conforme solicitado, segue resposta da Secretaria Municipal de Saúde:

?Em primeiro lugar, é importante deixar claro que o atendimento médico no Pronto-Atendimento Municipal é de responsabilidade da Santa Casa de Caridade, contratada pela Prefeitura para essa finalidade?.
?Em segundo, não há pagamento em atraso por parte da Prefeitura. Todas as parcelas estão em dia, até porque o contrato prevê um prazo de até 30 dias, a partir da emissão da nota fiscal, para que o pagamento seja efetuado?.
?Em terceiro, a Secretaria Municipal de Saúde já está cobrando da contratada o respeito ao número de médicos previsto em contrato. Uma apuração está sendo feita e as providências cabíveis estão sendo tomadas?.
?Por fim, a Secretaria de Saúde reitera seu compromisso com os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e ressalta que não descansará enquanto o atendimento não for feito de acordo com o que é definido em contrato.?

NOTA DA REDAÇÃO: Mais uma vez reiteramos nossa opinião no sentido de que, não basta haver só boa intenção. Gestão de saúde pública exige medidas práticas e, dentre estas se inclui o controle, via fiscalização, dos contratos e convênios estabelecidos com outras entidades envolvidas na prestação de serviço à população.
Notas reiterando o compromisso de bem atender aos usuários do SUS assim como a afirmativa de que o governo não descansará enquanto o atendimento não for realizado como definido em contrato, já se tornaramcansativas e de pouca credibilidade. Isto, em razão das inúmeras vezes em que nestes 18 meses de governo, muitas outras de mesmo teor se tornaram públicas. A população, em especial a mais carente continua questionando os motivos da UPA ? ainda não haver entrado em funcionamento. Recursos, segundo informa a propaganda oficial, já foram, há muito tempo disponibilizados pelos governos estadual e federal. De real mesmo é que de blá-blá-blá verbal ou escrito, a população já está de saco-cheio!
Situação do atendimento médico nos Postos de Saúde ? Dia 17 de junho
Diante da reclamação referente aos postos de saúde, nossa equipe visitou e se informou sobre 10 dos 12 postos da cidade. Em três PSFs não havia médico, nos outros 7 os médicos compareceram, mas atenderam apenas consultas pré-agendadas, confirmando a insatisfação dos entrevistados.
PSF Vila Didi – Médico: Alexandre Amaral – (Atendeu todos os pacientes agendados).
PSF Sagrado Coração ? Médico: Cássio Roberto Abreu (Atendeu todos os pacientes agendados e uma paciente do PSF Água Vermelha).
PSF Água Vermelha? Sem médico – O contrato da médica, Dra. Taciana venceu e até o momento não foi renovado. Os pacientes do posto estão sendo encaminhados para o PSF Sagrado Coração.
PSF Bela Vista? Médico: Luiz Nazareno (Atendeu todos os pacientes agendados – cerca de 25 atendimentos por dia).
PSFNirmatele? Médica: Carmem Martins (Atendeu toda a demanda de agendamentos além de usuários do PSF Souza e Silva).
PSF Souza e Silva ? Sem médico – pacientes estão sendo encaminhados para o PSF Nirmatele.
PSF Nossa Senhora de Lourdes ? Dr. Eimar Ferreira(Atendeu todos os pacientes agendados).
PSF Alvorada – Dr. Ronan Rodrigues Castro Jr (Atendeu todos os pacientes agendados).
PSF Bairro Rosário ? Dois postos ? Médicos: Dra. Ana Karina e Leopoldo Ribeiro ? Toda a demanda de fichas.

Confira o relato de paciente no PAM


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