Na hora de abastecer o veículo e escolher entre álcool e gasolina, o consumidor pensa logo no bolso e, muitas vezes, sem saber, acaba não considerando os prejuízos ao meio ambiente. Prova disso é que, desde 2009, por falta de incentivo do governo federal, as vendas do etanol despencaram 43,8%. Já as da gasolina subiram 47,6%. O grande problema é que, segundo especialistas, a gasolina e o diesel contribuem muito mais para o aquecimento global, enquanto o álcool é cerca de 90% menos poluente para a atmosfera.
A coordenadora do Laboratório de Combustíveis da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), professora Vanya Márcia Pasa, explica que gasolina e o diesel são combustíveis fósseis derivados do petróleo e a emissão de gás carbônico (CO²) a partir da queima deles atinge a camada de ozônio, contribuindo para o efeito estufa e o aquecimento global. Já o CO² do etanol, conforme a professora, por ser de origem natural (da cana-de-açúcar), é absorvido pelas plantas, que transformam o gás em oxigênio, através da fotossíntese. Já estamos sentindo as mudanças climáticas por causa da poluição por derivados fósseis, explica Vanya.
Há cerca de dois anos, muitos consumidores já não utilizam mais o etanol porque a diferença entre os preços da gasolina e do álcool não compensa. Para ser vantajoso, o álcool deveria custar, no máximo, 70% do valor da gasolina, ou seja, considerando o litro da gasolina a R$ 2,71, o litro do etanol deveria valer R$ 1,89. Mas, hoje, o preço médio do álcool na capital mineira é de R$ 2,07.
As pessoas sentem o peso no bolso agora, mas não contabilizam os gastos com saúde por causa de poluição, por exemplo, disse o consultor em emissões de gases e tecnologias Alfred Szwarc. Um estudo do Laboratório de Poluição Atmosférica da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que se o etanol fosse utilizado em 100% dos veículos da região metropolitana de SP, durante um ano, seriam evitadas 130 mortes e 8.002 internações por doenças respiratórias. A economia aos cofres públicos no Sistema Único de Saúde (SUS) chegaria a R$ 87 milhões. Ele ressalta que, embora os dados se refiram à capital paulista, os resultados seriam semelhantes em Belo Horizonte. Segundo a pesquisa Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 2012, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o ar na região metropolitana de Belo Horizonte é um dos mais poluídos do Brasil.

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