Membros da Associação de Recicladores de Formiga (Recifor) entraram em greve na manhã desta segunda-feira (23), por falta de pagamento dos salários e péssimas condições de trabalho. Com a paralisação, o recolhimento de lixo seco em toda a cidade está suspenso.
Cerca de 15 membros da associação, se reuniram na rua Dr. Newton Pires, próximo à Secretaria de Gestão Ambiental, no Centro, reivindicando o pagamento dos salários, em alguns casos, em atraso desde novembro.
?Nossa situação está péssima, não recebemos, não temos luvas ou botas para fazer nosso trabalho. Pegamos luvas que são encontradas no lixo, que pegamos durante a seleção de material na esteira. Até a cantina onde faziam nosso almoço está tomada por lixo. Trabalhamos como escravos e não temos retorno nenhum?, comentou um associado.
Em busca de soluções, alguns membros da Recifor se reuniram com o secretário de Gestão Ambiental Jorge Zaidan há algumas semanas. ?Ele nos disse que hoje a associação deve cerca de R$48 mil. Depois da conversa nada melhorou e continuamos com os mesmos problemas?, comentou outra associada que afirma estar sem receber há um mês e meio.
Em contato com a então presidente da associação, Inês Moraes, ela explicou que todo o problema está na queda brusca de produção, a partir do mês de outubro, que culminou nesse mês de fevereiro, que tem menos dias e os catadores não trabalharam durante os quatro dias de Carnaval nem aos sábados. ?Como o montante de dinheiro arrecadado foi insuficiente para pagá-los, o que fizemos foi deixar juntar o dinheiro e seguir a orientação da secretaria De Gestão Ambiental de pagar o salário todo dia 5 do mês e o vale todo dia 20?, comentou a presidente que completou. ?Não sou presidente, estou presidente. Em outubro, o ?Chicão? saiu e então me pediram pra ficar, mas a minha função é desenvolver projetos?.
Inês explicou ainda, sobre a dívida e os atrasos. ?Essa dívida não é de cinco meses para cá, e não creio que chegue a esse valor. É coisa antiga, de outros presidentes, sobre os atrasos, nada foi retido. Os associados não entendem que, tirando os gastos, que são muitos, dividimos o resto e tem dado pouco mesmo. Já chegamos a arrecadar em um mês R$44 mil, agora estamos arrecadando R$9 mil?.
De acordo com os associados, hoje a Recifor conta com 25 membros, mas Inês garante que não passam de 18, sendo que muitos sequer apresentam documentação e não comparecem ao trabalho com frequência.
Ouvido, Francisco Carlos da Silva (Chicão), não explicou o motivo de sua saída, mas informou que de fato há dívidas a serem pagas, como um empréstimo de R$22 mil feito no ano passado para pagar funcionários. ?Também comprei uma van e logo que saí pararam de pagar as prestações, aí devolveram o veículo?, explicou o ex-presidente que afirmou ter sido chamado agora pelo secretário de Gestão Ambiental, para ajudar a solucionar os problemas.
?Esse é o problema. Somos associados, temos que ter direito de opinar sobre a diretoria. Tiram e colocam quem eles querem e a gente só sai perdendo. Estão nos roubando. O dinheiro nunca aparece?, comentou outro catador.
No fim da manhã, o secretário Zaidan entrou em contato com a redação e explicou que tem tentado ajudar, mas que não tem acesso a nenhum valor arrecadado pela associação. ?Desde outubro, com a entrada da Inês, a meu pedido, vem sendo feita a prestação de contas que é analisada por uma equipe da secretaria, mas não temos acesso a dinheiro nenhum. Me reuni com membros da Recifor essa manhã e tentaremos uma solução?, encerrou o secretário.

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