A Mesa Diretora do Senado decidiu nesta segunda-feira (15) encaminhar para o Conselho de Ética a quinta representação contra o presidente licenciado da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). A decisão foi tomada na primeira reunião da Mesa sob a presidência interina de Tião Viana (PT-AC). Dos sete integrantes, seis participaram da reunião: cinco votaram a favor do encaminhamento e um, o senador Papaléo Paes (PSDB-AP) se absteve.
Viana presidiu a Mesa em todas deliberações relativas ao caso Renan. Já foram cinco encontros que resultaram na abertura de processos contra o presidente licenciado. Renan Calheiros se licenciou na quinta-feira (11) por 45 dias do cargo de presidente da Casa, depois de quase 150 dias de crise no Senado. Essa matéria deve ser levada ao Conselho de Ética para as devidas apurações, se limitou a dizer o presidente interino da Casa.
Acusação
Na quinta representação, Renan é acusado de articular um esquema de espionagem contra senadores de oposição, que defendem a cassação do mandato dele.
A espionagem teria sido protagonizada pelo assessor especial do gabinete do alagoano, Francisco Escórcio, que estaria disposto a monitorar os passos dos senadores Demóstenes Torres e Marconi Perillo, ambos do Democratas de Goiás. A matéria segue para o Conselho de Ética.
O presidente, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), deve indicar um relator e estabelecer um prazo para a tramitação do processo. Não é uma representação que traga muita consistência. Mas as questões formais foram analisadas. A análise definitiva será do Conselho de Ética, admitiu o senador Álvaro Dias, um dos integrantes da Mesa Diretora.
O primeiro-secretário do Senado, senador Efraim Morais (DEM-PB), já autorizou a abertura de uma sindicância administrativa para apurar as responsabilidades de Escórcio com a suposta espionagem. A comissão será presidida pelo servidor do Senado, José Mendonça de Araújo Filho, analista legislativo da Casa. Também integram a sindicância os servidores Haroldo Feitosa e Luciano de Souza Gomes.
O grupo tem 30 dias para apontar a eventual responsabilidade do assessor de Renan Calheiros com o episódio. Renan, da tribuna do plenário no dia 9 de outubro, anunciou o afastamento temporário de Escórcio enquanto estiverem em curso as investigações.

Outros processos
Renan Calheiros já responde a três denúncias no Conselho de Ética. No primeiro processo, de autoria do PSOL, ele é acusado de tráfico de influência para que a cervejaria Schincariol tivesse o perdão de uma dívida de R$ 100 milhões com o INSS. O relatório do senador João Pedro (PT-AM) deve ser apresentado até o final de outubro.
No segundo, apresentado pelo Democratas e pelo PSDB, Renan é acusado de ter utilizado laranjas para adquirir empresas de comunicação em Alagoas. Este é o processo relatado pelo senador Jefferson Péres.
Em outra denúncia, do PSOL, o presidente licenciado do Senado é suspeito de ter participado de um esquema de arrecadação de recursos em ministérios liderados por seu partido, o PMDB. O relator do caso é o peemedebista Almeida Lima (SE).

Renan já foi absolvido de outra acusação, de que teria recebido ajuda de um lobista para pagar despesas com a filha que teve com a jornalista Mônica Veloso.

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