Em uma época do ano em que a água das chuvas é abundante, municípios mineiros clamam por acesso ao recurso. Em 43 cidades, a situação de emergência por estiagem foi decretada, levando moradores a enfrentarem racionamento e dependerem de auxílio assistencial, inclusive para conseguir alimento.

A escassez hídrica é tamanha que, em janeiro, sete cidades tiveram rodízio ou racionamento decretados ou renovados pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Seis delas estão no Norte do Estado e uma no Leste.

“A situação é caótica e preocupante em várias cidades”, afirma o secretário de Desenvolvimento e Integração do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Sedinor), Epaminondas Miranda.

Três desses municípios tiveram o estado emergencial decretado neste mês e reconhecido pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec). Guaraciama, no Norte de Minas, é um deles.

Como a maior parte dos 5 mil habitantes vive da agricultura familiar, muitos sobrevivem graças às cestas básicas distribuídas pela Defesa Civil. “Estamos vivendo situação de calamidade”, afirma o prefeito Rafael Dias Veloso.

O abastecimento hídrico, antes diário, passou a ser feito a cada dois dias nas residências. Nas casas distantes, o recurso só chega por meio de carros-pipa.

Além de Guaraciama, Várzea da Palma e São Francisco (também no Norte), que tiveram o decreto reconhecido neste ano, outras 40 enfrentam a situação de seca desde 2017.

Neste cenário, os municípios podem pleitear recursos ou benefícios fiscais por um período máximo de seis meses, que pode ser renovado caso comprovada a necessidade de auxílio para vencer a estiagem.

“A seca é um desastre que provoca perda de lavoura, morte de animais, altera a rotina e a vida das pessoas. São impactos que, às vezes, dependem de muitos períodos chuvosos para serem amenizados. Por isso, estamos dando apoio humanitário em várias cidades, mesmo na época de chuvas”, explica o porta-voz da Cedec, capitão João Paulo Fiuza.

Rodízio

Em Montes Claros, também ao norte do Estado, o rodízio foi renovado em 2018. As casas passam 24 horas sendo abastecidas e 48 horas sem água. Com o reservatório de Juramento, que abastece a cidade, com apenas 22% da capacidade, a Copasa tenta agora estimular a chuva com um projeto que custou cerca de R$ 1,3 milhão.

Um avião sobrevoa o município e espalha gotículas de água em nuvens. O trabalho teve início na última quinta-feira e, segundo o superintendente de Meio Ambiente da Copasa, Nelson Guimarães, seguirá até março.

“Temos que fazer durante o período chuvoso porque estamos incrementando um processo que já tinha tendência a acontecer. São semeadas nuvens carregadas com o objetivo de aumentar o nível da bacia de Juramento”, observa.

Grande BH

Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o maior foco de tensão está sobre as 49 cidades que são abastecidas por sistemas independentes, como Jaboticatubas, Matozinhos, Moeda e Confins.

“O sistema integrado da RMBH, formado pelos reservatórios de Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores, está com níveis seguros. Logo, as 21 cidades abastecidas por eles não devem passar por racionamento. O que nos preocupa são as cidades abastecidas por sistemas locais, já que estamos saindo do quarto ano de pouca chuva”, descreve o diretor de Operação Metropolitana da Copasa, Rômulo Perilli.

Nesses locais, a Companhia tem investido na recuperação de matas ciliares e em programas de conscientização dos moradores para evitar escassez hídrica neste ano.

 

Fonte: Hoje em Dia ||

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