Quatro dos sete acusados pelo então procurador geral da República, Rodrigo Janot, de integrarem o quadrilhão do PMDB já estão atrás das grades. São eles: os ex-presidentes da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, o ex-ministro Geddel Vieira Lima e o ex-assessor especial do presidente Michel Temer, Rodrigo Rocha Loures, que ficou conhecido como o “homem da mala da JBS”.

Houve um tempo em que os quatro desfrutaram de poder e prestígio político em Brasília até que, ao longo do último ano, foram tirados de circulação pela Polícia Federal no bojo de operações distintas. Mas todas elas deflagradas para combater corrupção e lavagem de dinheiro.

Na denúncia por organização criminosa que levou ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última quinta-feira (14), Janot afirmar que a liderança do grupo era exercida por Temer. Também fazem parte do grupo, segundo a acusação, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Moreira Franco.

Cunha foi o primeiro integrante do quadrilhão a ser capturado. Em 19 de outubro de 2016, por ordem do juiz federal Sergio Moro, no âmbito da Lava Jato, o peemedebista foi preso em Brasília e levado a Curitiba. Ele já foi condenado a 15 anos e quatro meses de prisão.

Em 3 de junho, Rocha Loures foi capturado preventivamente por ordem do ministro do STF Edson Fachin. Em abril, a Polícia Federal filmou o ex-assessor saindo do estacionamento de uma pizzaria em São Paulo. Ele levava uma mala com R$500 mil em propinas da JBS. A prisão dele foi substituída, em 30 de junho, por uso de tornozeleira eletrônica e recolhimento domiciliar noturno.

Também em junho, aos gritos de ‘ladrão’ e ‘safado’, Henrique Alves foi levado pela PF no âmbito da operação Manus por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a construção da Arena das Dunas, em Natal (RN).

Bunker

O último do grupo a ser preso foi Geddel. Ele foi capturado duas vezes em dois meses por ordem do juiz federal da 10ª Vara, Vallisney de Oliveira. Em 3 de julho, Geddel foi levado pela PF em caráter preventivo por supostamente tentar atrapalhar as investigações da operação Cui Bono, que investiga irregularidades cometidas na Caixa Econômica Federal.

O ex-ministro ficou preso por pouco mais de um mês. Por ordem do desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em 13 de julho, o peemedebista foi mandado para casa. Sem tornozeleira eletrônica porque o equipamento não estava disponível na Bahia. A prisão domiciliar de Geddel foi encerrada no dia 8 deste mês. Isso porque três dias antes, a PF encontrou R$51 milhões em um apartamento em Salvador. O dinheiro foi atribuído a Geddel. Ele está agora no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.

Defesas negam e criticam denúncia

As defesas dos acusados na denúncia do procurador geral da República, Rodrigo Janot, negam que os clientes tenham integrado o quadrilhão e realizado qualquer desvio de recursos públicos. Ainda questionam a veracidade da ação.

A defesa de Rodrigo Rocha Loures declarou que ele não participou de nenhum acordo de pagamento ou recebimento de propinas atribuído ao PMDB da Câmara. “Rodrigo era apenas um assessor pessoal do presidente e não tinha nenhuma intervenção em atividades financeiras, ao contrário da recente denúncia”, afirmou.

“Entendo como equivocada o oferecimento de uma denúncia com base em delações que estão sob suspeita, mas iremos demonstrar nos autos a inexistência da hipótese acusatória”, disse a defesa do ministro Eliseu Padilha.

Já os defensores do ex-deputado Eduardo Cunha disseram que ele “provará no processo o absurdo das acusações postas, as quais se sustentam nas palavras de um reincidente em delações”.

Por sua vez, a Secretaria de Comunicação da Presidência disse que Janot “continua sua marcha irresponsável para encobrir suas próprias falhas”. Segundo a nota, o procurador “ignora deliberadamente as graves suspeitas que fragilizam as delações”. “Finge não ver os problemas de falta de credibilidade de testemunhas, a ausência de nexo entre as narrativas e as incoerências produzidas pela própria investigação”, diz trecho da nota.

Fundador da JBS substitui filho no comando da empresa

 O conselho de administração da JBS escolheu José Batista Sobrinho, conhecido como Zé Mineiro, como seu novo diretor executivo. Ele vai substituir Wesley Batista no comando do grupo, após a prisão do empresário na última semana.

Zé Mineiro é o fundador da JBS e vai permanecer no cargo até abril de 2019, quando terminaria o mandato do filho e da atual diretoria. Seu nome foi aprovado por unanimidade no colegiado, inclusive pela representante do BNDES, a advogada Claudia Santos.

Com 84 anos, Zé Mineiro receberá apoio de perto de três executivos: Gilberto Tomazoni, presidente das operações globais da JBS, André Nogueira, presidente da JBS nos Estados Unidos, e Wesley Batista Filho, que recebeu um cargo de diretor estatutário.

 

Fonte: O Tempo ||

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