Minas Gerais é o estado brasileiro com o maior número de mortes confirmadas por dengue neste ano. Foram 116 óbitos até o dia 8 deste mês. O dado já supera o registrado em 2010, quando ocorreu o pior surto da doença até então e 83 pessoas faleceram vítimas da doença em território mineiro. Esse cenário foi apresentado na terça-feira (19), em Brasília, durante o lançamento da Mobilização Nacional contra a Dengue.
A situação preocupa o Ministério da Saúde, que anunciou um repasse de quase R$ 41 milhões para ações de prevenção e tratamento de pacientes em Minas. Esse investimento é o segundo maior se comparado com os outros Estados. No total, a pasta irá liberar R$ 363,4 milhões até o fim deste ano para todas as unidades da federação.
?Nós temos que nos preocupar, além do vetor (mosquito) da dengue, em evitar os óbitos decorrentes da doença?, disse o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Barbosa. No ranking nacional de óbitos causados pela dengue, São Paulo aparece em segundo lugar, com 72. Em seguida, está Goiás que registrou, no mesmo período, 58 mortes Ao todo, 573 pessoas faleceram no país após serem picadas pelo mosquito transmissor.
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) de Minas, porém, divulgou uma estatística diferente. ?Na verdade, o número que temos é de 109 mortes e não 116. Mas ainda assim é um número elevado?, reconheceu a coordenadora do Programa Estadual de Controle Permanente da Dengue da secretaria, Geane Andrade.
Ela ainda ressaltou alguns fatores que podem ter contribuído para o aumento de óbitos. ?Neste ano, tivemos uma disseminação maior do vírus tipo 4 da doença, que é relativamente novo. Portanto, as pessoas estão mais suscetíveis. Além disso, nos períodos cruciais para ações de combate ao mosquito tivemos trocas nas prefeituras e a desmobilização dos agentes de endemia?, disse.
Alerta
Ainda de acordo com o balanço divulgado pelo Ministério da Saúde, Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, é o município mineiro com o maior risco de surto de dengue, considerando o Levantamento Rápido do Índice de Infestação de Aedes aegypti (LIRAa). Esse indicador na cidade é de 6%. Isso significa que 6 em cada cem imóveis estavam infestados com larvas do mosquito Aedes aegypti entre outubro e este mês. O município mineiro está entre os 157 em situação de risco de surto, sendo o único do Sudeste do país.
Governo vai distribuir mais larvicida e estimular campanha
Para prevenir a incidência de focos do mosquito, o Ministério da Saúde também anunciou a distribuição de 100 mil kg de larvicida. Outra medida prevista na mobilização nacional é a realização de campanhas educativas para alertar sobre ações eficientes no combate às larvas, como os mutirões para eliminar possíveis criadouros.
Investimentos
O Ministério da Saúde anunciou um repasse de R$ 363,4 milhões para todos os Estados. O montante é 110% superior ao destinado pela pasta em 2012 (R$ 173 milhões). Em contrapartida, as cidades que receberem a verba serão obrigadas a fazer o LIRAa e garantir a cobertura das visitas domiciliares pelos agentes de controle de endemias. Uberaba, no Triângulo, receberá um aporte adicional de R$ 24 milhões. Até outubro passado, a cidade tinha o maior número de mortes confirmadas por dengue no Estado: 20.
Risco de surto
O número de cidades em risco de surto de dengue no Brasil também dobrou. Conforme o Ministério da Saúde, entre outubro e novembro deste ano, 157 municípios estão nessa condição. Em 2012, eram 77. A maior parte deles está no Norte e Nordeste do país, como Cuiabá (MT), Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO). Já Boa Vista (RR), Manaus (AM), Palmas (TO), Salvador (BA), Fortaleza (CE), São Luís (MA), Aracaju (SE), Rio de Janeiro (RJ) e Vitória (ES) estão em situação de alerta (quando o LIRAa está entre 1% e 3,9%).
Criadouros
Segundo o LIRAa divulgado na terça, 37,5% dos focos do mosquito da dengue no país estão em locais de armazenamento de água, 36,4% estão em espaços em que o lixo não está sendo manejado adequadamente e 27,9%, em depósitos domiciliares. Essa realidade muda, porém, em cada região. No Sudeste, 47,9% dos focos estão dentro das residências; no Nordeste, o armazenamento de água é a principal fonte de preocupação (75,9%). Já o Sul e o Centro-Oeste é o armazenamento de lixo (81,2% e 49,7%, respectivamente).

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