Minas Gerais encerrou 2015 com 1 milhão de desempregados. O número é 52,8% maior do que o registrado no final de 2014 e representa 9,3% das pessoas maiores de 14 anos que estão à procura de emprego. No Brasil, o índice de desocupação é de 9%. As informações foram divulgadas nessa terça-feira (15) na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O índice nacional é menor do que o de Minas devido à estrutura produtiva do Estado, conforme afirma o economista do IBGE Gustavo Fontes. Ele ressalta que a economia mineira é baseada na indústria e na extração mineral, dois setores que sofreram fortes baixas nos últimos tempos.

Somente na indústria geral, o número de vagas preenchidas despencou de 1,472 milhão para 1,318 milhões. Um corte de 154 mil postos de trabalho. Outro setor que amargou retração foi comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas. No final de 2014 eram 1,797 milhão trabalhadores empregados no setor. Ao final de 2015, esse número caiu para 1,776 milhão, retração de 21 mil vagas.

Produção menor

“Com a economia em recessão, as pessoas compram menos e a indústria produz menos. As empresas têm feito o possível, mas as demissões acabam sendo inevitáveis”, explica o presidente do Conselho de Relações do Trabalho da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Osmani Teixeira de Abreu.

Ele ressalta que Minas é um polo automotivo, um dos setores mais afetados pela crise econômica. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), entre 2014 e 2015 houve um recuo de 25,2% nos emplacamentos. Como reflexo, a Fiat, com planta em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), deu quatro férias coletivas aos funcionários do começo do ano até agora. O objetivo era adequar a demanda aos estoques.

“As empresas não querem demitir. Além do desgaste, há desembolso tanto no pagamento da multa do FGTS para o funcionário quanto para o governo. Por isso, algumas ainda estão segurando funcionários. Mas chegará a um ponto que não será mais possível”, alerta o representante da Fiemg.

Rendimento

O rendimento do trabalhador também registrou queda. No quarto trimestre de 2014, a renda média era de R$ 1.757. No mesmo período de 2015, caiu para R$ 1.707, queda de 3%, já descontada a inflação.

Segundo Osmani, as empresas não têm mais condições de arcar com os salários do passado. O economista do IBGE Gustavo Fontes ressalta que a retirada dos empregadores também foi afetada, com retração de 14,7%. “Como as empresas estão faturando menos, o rendimento dos empresários cai”, diz.

 

Fonte: Hoje em Dia ||

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