A bancada mineira no Congresso Nacional solicitou R$ 857,9 milhões em emendas desde o início do ano, mas o governo federal pagou apenas R$ 122,5 milhões. Esse montante, apesar de corresponder a cerca de 15% do valor pleiteado, é fundamental para os parlamentares ajudarem suas bases e manterem os nomes em evidência a um ano da eleição de 2018.

A liberação dos recursos foi maior entre os meses de junho e julho – período no qual a Câmara dos Deputados analisava a denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB).

Levantamento feito pelo jornal O Tempo junto ao Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop), do governo federal, mostra, por exemplo, que os dez deputados mineiros que mais foram atendidos enviaram suas emendas para a área de saúde. Os parlamentares destinaram o dinheiro para municípios que fazem parte de seu reduto político, por meio do Fundo Nacional de Saúde.

Confira os deputados agraciados AQUI.

No mês passado, pesquisa Datafolha mostrou que a área é o principal problema do país, sendo citada por 24% dos entrevistados.

Talvez por causa disso, a área costuma ser o destino favorito dos deputados para enviar suas emendas por conta da facilidade de capitalizar os louros da indicação. Dos R$ 108,5 milhões de emendas liberadas pelo governo federal à bancada mineira entre junho e agosto – época da votação de denúncia – menos de R$ 5 milhões foram destinados a outras áreas.

Para se ter uma ideia, a educação – principal problema do país para 10% dos entrevistados do Datafolha – recebeu apenas 14 dos 597 pedidos de emendas parlamentares. A maior parte, oito deles, foi para a construção de unidades básicas de ensino no interior. Outros dois, para a compra de transporte escolar, além da ampliação de unidades de ensino no campo e investimento em institutos federais. Nenhum deles foi atendido.

Destino

 Com R$ 6,7 milhões de emendas pagas, o deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG), é o líder entre os parlamentares mineiros. O tucano destinou o valor integral à compra de ambulâncias e a construções de unidades de saúde em municípios da Zona da Mata e do Sul de Minas, região onde teve expressiva votação em 2014.

O tucano é seguido por Leonardo Quintão (PMDB), com R$ 6,5 milhões, e Eduardo Barbosa (PSDB), que obteve a liberação de R$ 6,2 milhões. Ambos prestigiaram suas bases eleitorais. Em quarto lugar vem o deputado federal Ademir Camilo (PTN), ex-vice-prefeito de Teófilo Otoni, com R$ 5,6 milhões. Ele também priorizou a saúde em cidades do Vale do Mucuri e do Norte do Estado.

A escolha pela área de saúde é estratégica: “É natural que o deputado auxilie e mande mais emendas para as cidades que votaram nele, até por sentir que ele representa estas pessoas, esse eleitorado. Mas óbvio que neste ano as coisas foram mais estudadas que o normal: onde mandar, como apresentar esses recursos. Está todo mundo com medo da eleição, vai ser a primeira sem o dinheiro que estão acostumados”, conta um deputado federal que pediu para não ser identificado.

Para o coordenador da bancada mineira no Congresso Nacional, deputado federal Fabinho Ramalho (PMDB-MG), a indicação de emendas para a saúde é uma necessidade. “É uma área que precisa de muito recurso para funcionar. Não é só que precisamos investir mais na saúde, é que os equipamentos, a mão de obra e as construções são muito caros, então é natural que os repasses sejam grandes”, argumenta o peemedebista.

O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) explica, ainda, que as verbas para saúde são facilitadas por serem no estilo “fundo a fundo”. “O governo manda os recursos do Fundo Nacional da Saúde direto para o fundo estadual. É bem mais simples, por exemplo, do que obras, que precisam passar por licitação e uma série de burocracias”, explica.

 

Fonte: O Tempo Online||

COMPATILHAR: