Minas Gerais aparece em terceiro lugar no ranking de Estados brasileiros com o maior número de inquéritos de homicídio sem solução, com 12.032 casos instaurados até 2007 ainda em aberto. Além disso, tem a pior colocação porcentual na lista da força-tarefa para mudar o quadro.
O esforço nacional foi realizado de janeiro de 2011 a abril deste ano. Do total de apurações, apenas 992 foram concluídas, o equivalente a 8,2% – 55% delas foram arquivadas.
O levantamento foi feito pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que criou um medidor de processos, chamado de inqueritômetro, para divulgar o andamento da força-tarefa. Acre e Piauí aparecem no topo da lista, já que concluíram todas as. No Sudeste, São Paulo teve o melhor desempenho, dando fim a 78,6% de seus 1.423 casos; seguido do Rio de Janeiro, com 32,5% de um total de 47.177 procedimentos, e do Espírito Santo, que deu conta de 15,9% dos 16.148 inquéritos.
Sucateado
Especialistas atribuem o fraco desempenho de Minas à falta de investimentos no serviço de inteligência e de investigação policial. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Belo Horizonte, a principal unidade de apuração desse tipo de crime no Estado, não recebe reforço significativo de pessoal e equipamento desde 2004, afirmou o sociólogo e pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Luís Felipe Zilli.
Mapeamento feito pela entidade em 2010 mostrou que, para cada delegado do DHPP, havia, aproximadamente, 500 inquéritos. Isso é humanamente impossível, disse Zilli.
Outro ponto de atenção, de acordo com especialistas, é para o alto percentual de arquivamento dos inquéritos (55%), que geralmente acontecem quando o delegado responsável pelo caso não encontra mais condições de apurar o crime por falta de provas ou quando há prescrição – o prazo é de 20 anos para homicídios. Os demais 45% dos inquéritos concluídos em Minas viraram denúncia do Ministério Público à Justiça.
A força-tarefa é louvável, mas não pode virar uma desculpa para a polícia promover um arquivamento em massa, disse Zilli. Já o coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Ciências Sociais da PUC Minas, Luiz Flávio Sapori, criticou a criação da força-tarefa. Os homicídios recentes devem ser a prioridade. Não dá para ficar preocupado com o passado, finalizou.
Nova etapa
Em maio, uma nova meta foi estabelecida para este ano. Minas apresentou 4.106 inquéritos instaurados entre 31 de dezembro de 2007 e 31 de dezembro de 2008.
Até agora, nenhum procedimento foi concluído, segundo o inqueritômetro. Outros Estados já apresentaram desempenho, como o Paraná, com 205 conclusões, e o Rio de Janeiro, com 135.

COMPATILHAR: