Entre as 1,5 mil pessoas que trabalham na modernização do Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, algumas histórias de vida se destacam: seja um casamento que surgiu no canteiro de obras, um operário que fala inglês fluente mas está aprendendo a ler e a escrever o português dentro do Mineirão, um detento que é o funcionário do mês, ou até mesmo uma ex-jogadora profissional de futebol que sempre sonhou em jogar no Mineirão e agora está ajudando a reconstruí-lo…
Afrânio Luiz da Silva tem 48 anos e passou 22 deles nos Estados Unidos trabalhando com construção civil. Hoje, de volta ao Brasil, é operador de martelete nas obras do Mineirão. Fala inglês fluentemente, mas somente ao entrar para o Curso de Capacitação e Alfabetização no canteiro de obras do Mineirão está aprendendo a ler e a escrever em português. ?O projeto de reformulação do Mineirão está abrindo portas para mim. Falar inglês fluente e não saber escrever minha própria língua me incomodava?, relata Afrânio.
Esse é apenas um exemplo de inserção social. Em outubro, os operários escolheram como destaque do mês um dos 20 detentos que trabalham na obra. Francisco das Chagas Queiroz, conhecido entre todos os operários como Chiquinho, tem 52 anos e cumpre pena no regime semiaberto na Penitenciária José Maria Alkimim, de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana. Ele começou na obra como funcionário da limpeza, mas já foi promovido a apontador ? responsável por fiscalizar as frentes de trabalho e levar informações à gerência. O cargo é função de confiança e de coordenação de outros profissionais.
?É uma satisfação muito grande ter o trabalho reconhecido pelos colegas. Principalmente porque estou na obra há apenas três meses. Este prêmio nos valoriza e me incentiva a trabalhar cada vez melhor?, ressalta Chiquinho.
O secretário de Estado Extraordinário da Copa do Mundo Sergio Barroso destaca que a modernização de um estádio é uma obra social. ?O estádio é o palco do esporte mais popular do mundo, onde pessoas completamente diferentes convivem e vibram por uma mesma paixão, isso tudo é formação de cidadania. Então, eu acredito que a força da emoção do futebol e a importância de preservar esse espaço público acabam fazendo com que cada operário se sinta especial nessa obra e certamente eles estão escrevendo um capítulo da história de Minas e da vida deles?.
?Acredito que todos que trabalham neste projeto tem um sentimento diferente por se tratar do Mineirão. É um grande orgulho ser responsável por um empreendimento que envolve tantas pessoas e histórias interessantes?, diz Ricardo Barra, diretor-presidente da Minas Arena, responsável pelas obras no estádio.
Casamento no Mineirão
Viviane Aline da Silva, de 26 anos, foi contratada para trabalhar no Mineirão como faxineira. Solteira, sempre foi uma funcionária exemplar. Em menos de quatro meses, ela foi promovida a apontadora e logo depois à noiva.
Quando precisava de ajuda para carregar um galão de 20 litros de água, pediu ajuda ao baiano Otoniel da Silva Pinheiro, de 35 anos, que trabalha nos Recursos Humanos. ?Foi paixão à primeira vista?, garantiu Viviane. O noivado foi dentro do Mineirinho. ?Comprei um anel para a Viviane, e quando visitávamos o Mineirinho aproveitei o momento especial?, conta Otoniel.
Ex-jogadora do Galo nas obras
Bábara Fidélis começou a jogar bola com 14, chegou ao time principal do Atlético-MG, onde ficou até os 17. Aos 18, pendurou as chuteiras para trabalhar com carteira assinada e colaborar em casa. ?Nunca pensei que ajudaria a construir um novo Mineirão, palco do futebol mineiro e agora do mundo… Já vi meu Galo ganhar aqui, arrepio só de me lembrar dessa casa cheia. Quem sabe um dia não volto aqui, para jogar lá dentro??, sonha a atleticana.

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