O mineiro Dimas Fabiano Toledo, ex-diretor de Furnas Centrais Elétricas, indicado pelo senador Aécio Neves (PSDB),  foi conduzido nesta quinta-feira (8) pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na operação Barão Gatuno, um desdobramento da “Lava Jato”.  Ele é alvo de condução coercitiva, medida em que o investigado é levado a depor.

A ação policial ocorre em função da delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral que apontou indícios de corrupção em Furnas. Quando firmou o acordo, em março do ano passado, Delcídio disse que Dimas repassou propina a Aécio.

“Questionado ao depoente quem teria recebido valores de Furnas, o depoente diz se que não sabe precisar, mas sabe que Dimas operacionalizava pagamentos e um dos beneficiários dos valores ilícitos sem dúvida foi Aécio Neves, assim como também o PP, através de José Janene; que também o próprio PT recebeu valores”, disse o ex-senador na delação homologada pelo Supremo Tribunal Federal.

A ligação entre Aécio e Dimas aparece também em delações premiadas de ex-executivos da Odebrecht. Eles apontaram Dimas como interlocutor de Aécio no pagamento de propina via Furnas.

A operação Barão Gatuno cumpre 33 mandados no Rio de Janeiro, sede de Furnas, e em São Paulo. A empresa tem parte das operações em Minas Gerais.

Investigação

A investigação tem por base inquérito oriundo de delação premiada do ex-senador Delcídio Amaral, que noticia esquema de corrupção e lavagem de dinheiro, em Furnas.

Em seus depoimentos, Delcídio do Amaral falou sobre a ligação da atual diretoria de Furnas a Cunha e a relação do deputado com o operador financeiro Lúcio Funaro. O ex-deputado Eduardo Cunha foi o responsável por alterar a legislação do setor energético, em 2007 e 2008, para beneficiar seus interesses e de Funaro, com a relatoria de medidas provisórias (396/2007 e 450/2008) que favoreceram a empresa Serra da Carioca II, na época em que um indicado de Cunha ocupava a presidência da subsidiária.

A atuação de Cunha teria permitido que Furnas comprasse, em 2008, as ações da Serra da Carioca II, que era sócia da estatal, em um consórcio para construção da Usina Hidrelétrica Serra do Facão, em Goiás. Em auditoria, a Controladoria Geral da União apurou vantagens para a empresa que não eram usualmente verificadas em negociações do mercado privado.

A ação tem o apoio de 15 delegacias do DGPE, da Coordenadoria de Combate à Corrupção do Laboratório de Tecnologia e Lavagem de Dinheiro da PCERJ e da Polícia Civil do Estado de São Paulo, em primeira fase de investigação presidida pelos delegados Gilberto Ribeiro e Ana Paula Costa.

 

Fonte: Hoje em Dia ||

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