Os 53 deputados mineiros da Câmara Federal gastaram, em 2015, primeiro ano da nova legislatura, quase R$ 17 milhões com os repasses da verba de gabinete, que é disponibilizada pela própria Casa para auxiliar os parlamentares durante o mandato. Como nem todos os gabinetes atualizaram os gastos de dezembro, é bastante provável que a conta paga pelos cofres públicos seja ainda maior.

Entre as despesas, estão gastos necessários, como a compra de passagens aéreas, locação de veículos e pagamento de contas de seus escritórios estaduais. Mas há desembolsos curiosos, como a compra de R$ 294 em uma famosa rede norte-americana de hambúrgueres, ou notas fiscais nas quais os únicos itens consumidos são chocolates, chicletes, balas, além de refeições como açaí de morango, milk-shake e picolé.

Dos parlamentares mineiros, o mais “gastão” foi o tucano Paulo Abi-Ackel (PSDB), que, durante todo o ano, utilizou mais de R$ 416 mil da verba com seus gastos pessoais. Curiosamente, o valor ultrapassou até mesmo os limites impostos pela Câmara (R$ 30 mil por mês). Com isso, Abi-Ackel terá que economizar durante os próximos meses de mandato.

Em segundo lugar aparece o deputado Aelton Freitas (PR), que utilizou R$ 414 mil durante o último ano. Em seguida estão Carlos Melles (DEM), Eduardo Barbosa (PSDB) e Lincoln Portela (PR).

Já os deputados Reginaldo Lopes (PT) e Marcelo Aro (PHS) foram os que menos gastaram com a verba pública durante o primeiro ano da legislatura. O peemedebista Silas Brasileiro (PMDB) também aparece como um dos que menos gastam, mas, ao contrário do petista e de Aro, Silas só assumiu o mandato posteriormente.

 

Campo minado

Na Câmara de Belo Horizonte, o clima, que já não era bom, ficou ainda pior. Vereadores que perderam cargos no Executivo, em “retaliação” por não votarem de acordo com a orientação da base, tentam mobilizar outros colegas para aderirem ao grupo dos que querem ir para a oposição, não necessariamente alinhados com o PT. Nos bastidores, parlamentares já garantem que o prefeito Marcio Lacerda (PSB) não conseguirá aprovar um único projeto neste ano. A pressão maior, dizem, será para derrubar o secretário de Governo, Vítor Valverde. “Não aprovamos nada enquanto ele não cair”, diz um ex-aliado. Valverde, ao lado do líder de governo, Preto (DEM), e do secretário de Relações Institucionais, Marcelo Ab-Saber, são apontados como os responsáveis pelos cortes.

 

Big Brother

Ainda na Câmara de Belo Horizonte, o clima é de desconfiança entre os vereadores. O repórter que entra nos gabinetes e consegue uma informação com algum parlamentar recebe um pedido inusitado. O jornalista é aconselhado a entrar em vários gabinetes para não levantar suspeitas sobre quem passou a informação. Isso porque tem sido prática comum os políticos pedirem para ver as câmeras de segurança da Casa. Tudo para vigiar quem passa as informações aos órgãos de comunicação. Mas não basta só entrar, explicam. “Faz uma horinha, pede um café. Joga conversa fora com o vereador para não levantar suspeita”, ensinam. As imagens têm sido solicitadas por nomes de vários partidos. Virou quase um modus operandi de apuração local.

 

Caixa preta

A Assembleia de Minas vem, reiteradamente, descumprindo a Lei de Acesso à Informação (LAI). Há três meses, a reportagem solicita dados sobre as viagens dos deputados. A demanda foi encaminhada para o Centro de Atendimento ao Cidadão (CAC), em outubro. Desde então, a Casa se recusa a fornecer as informações solicitadas e até a dizer que não o fará, o que permitiria a apresentação de recurso. Segundo o CAC, a diretoria geral do Legislativo não apresenta retorno para o pedido. O caso não é isolado. A Casa tem desrespeitado a LAI com frequência.

 

Fonte: O Tempo||http://www.otempo.com.br/cmlink/hotsites/aparte/mineiros-em-bras%C3%ADlia-gastam-r-17-mi-da-verba-de-gabinete-1.1219631

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