O Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) pediu ao Ministério da Economia, em ofício, liberação de R$180 milhões ao Projeto Sirius, laboratório de luz síncrotron de 4ª geração em construção em Campinas (SP). O valor está previsto no orçamento de 2019 do principal programa de pesquisa brasileiro, mas está contingenciado. Apesar do pedido de empenho, não há prazo para o pagamento da verba.

Em visita ao Sirius, o ministro Marcos Pontes estimou R$400 milhões para concluir o laboratório. Do orçamento deste ano, de R$ 255,1 milhões, a pasta ainda precisa destinar R$ 205,1 milhões – o MCTIC fez empenho de R$75 milhões, e depositou R$ 50 milhões ao Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização responsável pela estrutura.

Com o atraso na liberação de recursos pelo contingenciamento de verbas, e a previsão de recursos para 2020 abaixo da expectativa, o CNPEM já informou que as 13 de linhas de pesquisa previstas para o Sirius não ficarão prontas no próximo ano. A abertura do laboratório, no entanto, segue confirmada para 2020, com um número menor de estações de pesquisas.

Verba contingenciada

A liberação de verbas para o Sirius foi prejudicada pelo contingenciamento de verbas pelo governo federal. A primeira liberação de recursos pela União, no entanto, não foi a esperada pelo MCTIC. Dos R$8,3 bilhões descontingenciados, R$ 80 milhões foram destinados à pasta, uma das menores fatias.

Na ocasião, o ministro Marcos Pontes mostrou descontentamento. Ele disse ao portal G1 que esperava por cerca de R$ 1 bilhão para tocar projetos do MCTIC, entre eles o Sirius, e reclamou da pouca verba, chegando a comparar a diferença entre “expectativa e realidade” como se tivessem “tirado o motor de um Fórmula 1”.

“É basicamente quando você tem uma corrida, um carro de Fórmula 1, você quer aumentar a velocidade do carro e corta o motor”, disse.

Entenda o Sirius

O laboratório, que já está com toda a obra civil concluída e aguarda testes no terceiro e principal acelerador de elétrons, é uma das mais modernas do mundo. Com a luz síncrotron gerada pelo Sirius os pesquisadores poderão analisar diferentes materiais em escalas de átomos e moléculas.

A estrutura pode revolucionar a pesquisa brasileira e internacional em várias áreas, como saúde, agricultura e exploração do petróleo.

Atualmente, há apenas um laboratório de 4ª geração de luz síncrotron operando no mundo: o MAX-IV, na Suécia. O equipamento brasileiro, no entanto, foi projetado para ter uma luz mais brilhante que o europeu.

O atraso nos repasses, por enquanto, não deve afetar a abertura das primeiras linhas de pesquisa do Sirius em 2020. Pelo menos é o que garante o diretor do projeto, Antônio José Roque da Silva, diretor-geral do CNPEM.

“Não tem milagre. Você atrasa o escopo total do projeto, mas o ponto importante é que foi possível fazer uma gestão para que o Sirius comece a dar retorno. Com a entrega da primeira linha de luz, ele começa a ser utilizado”, explicou Silva.

 

Fonte: G1 ||
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