Cerca de 70 moradores e comerciantes de São Sebastião das Águas Claras, distrito de Nova Lima conhecido como Macacos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, fazem uma manifestação contra a situação vivida pela população local desde sábado passado (16), quando houve a necessidade de evacuação de pessoas de suas casas pelo risco de rompimento da barragem B3/B4, da mineradora Vale. Os manifestantes ocupam, na manhã desta quarta-feira (20), a portaria da Mina Mar Azul, da Vale, e exigem que a empresa tome medidas para resolver a falta de segurança do reservatório de rejeitos e permita o retorno de quem está fora de casa.

Há uma preocupação especial de mães de alunos da Escola Municipal Rubem Costa, que não querem que os filhos voltem às aulas pelo risco de rompimento da barragem. Os manifestantes impedem a entrada de trabalhadores da Vale na mina e são acompanhados de perto de um forte aparato policial. O grupo também questiona a ausência da Prefeitura de Nova Lima em todo o processo de evacuação das famílias da chamada zona de autossalvamento, área que pode ser atingida em caso de rompimento de barragem.

Foto: Leandro Couri/EM/DA Press

A arquiteta Vera Lúcia Rodrigues, de 32 anos, é uma das pessoas que participa do protesto e pede uma ação da mineradora para tornar a escola e a creche mais seguras. “Não queremos que nossos filhos corram riscos e precisamos também da Prefeitura de Nova Lima para nos dar apoio, o que não está acontecendo”, diz ela.

A professora Vânia Grigorio, de 44 anos, diz que não existe treinamento de evacuação em caso de rompimento e que a escola precisa mudar de local. “Precisamos que a Vale nos dê garantias de segurança e explicações”, afirma. O comerciante Weder Vilela, de 45, questiona a empresa sobre o clima de angústia e desespero que tomou conta de Macacos. “As crianças estão assustadas, a sirene deixou todo mundo apavorado. Queremos saber até quando vai durar essa situação”, diz ele.

Os manifestantes chamam a Vale de assassina e carregam cartazes com dizeres diversos contra a empresa. Um ônibus com funcionários da empresa foi impedido de passar e os trabalhadores aguardam dentro do coletivo.

Durante o protesto na porta da Mina Mar Azul, dois representantes da Prefeitura de Nova Lima chegaram para dialogar com os manifestantes. A secretária de Educação da cidade, Viviane Matos, e o coordenador da Defesa Civil municipal, Marcelo Santana. A secretária de Educação disse que recebeu dos técnicos da prefeitura a informação de que a Escola Municipal Rubem Costa não está na mancha de inundação da barragem B3/B4 e por isso as crianças estão seguras. Porém, ela ouviu de mães de alunos que a comunidade está preocupada também com outras barragens que poderiam impactar a escola e por isso as famílias não se sentem tranquilas e querem a mudança de local das aulas, em caráter provisório.

A secretária respondeu que se a comunidade não abrir mão da transferência, essa medida pode ser estudada, mas depende de um planejamento sem prazo definido. “A gente pode daqui pegar uma comissão de moradores para reunir e resolver com a comunidade da melhor forma possível para garantir o direito das crianças, mas desde que seja com segurança”, diz a secretária.

Mães e pais de alunos também disseram que os caminhos usados pelas crianças incluem passagens em áreas de risco, o que justifica o temor. Sobre essa situação, o coordenador da Defesa Civil de Nova Lima disse que existe um esquema de monitoramento do tráfego, a partir de pontos de bloqueio, com condições de acompanhar os deslocamentos nas áreas mais críticas e evacuar os veículos em caso de rompimento de barragem.

Por meio de nota enviada nesta manhã, a Vale disse que desde a evacuação dos imóveis da comunidade, a mineradora vem mantendo um diálogo “transparente e aberto” com representantes locais da região para esclarecer dúvidas e minimizar incertezas. “A empresa informa, ainda, que os moradores estão recebendo toda a assistência e apoio necessários até que a situação seja normalizada. A Vale colocou à sua disposição hospedagem, alimentação, transporte, medicamentos, vestuário, cesta básica, material escolar, além de uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos, assistentes sociais e médicos”, pontuou (com informações de Cristiane Silva).

 

Fonte: Estado de Minas ||

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