Moradores, comerciantes e empresários se reuniram na sexta-feira (21) na MG-050, no bairro Icaraí, em Divinópolis para cobrar melhorias na rodovia. A data foi escolhida por lembrar os 10 anos da privatização da rodovia, com a assinatura entre governo e concessionária da Parceria Público Privada (PPP). A empresa disse que a execução das obras no trecho que corta o município tem previsão de início para este trimestre.

O protesto começou por volta das 16h e, ao chegar ao local, os cerca de 100 manifestantes receberam uma determinação de um oficial da justiça para ficar a 50 metros da rodovia. Os manifestantes levaram um bolo, faixas e cruzes simbolizando as vítimas de acidente na rodovia que é pedagiada.

“Durante toda a semana, divulgamos que a manifestação era pacífica, que não íamos fechar a rodovia. Foi uma surpresa receber esta liminar impedindo nosso protesto, mandando o povo ficar a 50 metros da rodovia, dentro de um cercadinho. A Concessionária tentando tirar nosso direito de manifestar, tirando nosso direito de ir e vir e ficando contra o povo de Divinópolis”, disse o presidente da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e Serviços de Divinópolis (Acid), Leonardo Gabriel.

Segundo um dos moradores do bairro Lagoa dos Mandarins, que fica ás margens da rodovia, Demétrio Bento, a falta de obras para melhoria da via tem colocado a vida de pedestres em perigo. “Da ponte do Gafanhoto até a Ponte do bairro Vila Romana não existe uma passarela para pedestres. São cerca de cinco quilômetros que abrange vários bairros e as pessoas tem que atravessar na pista, correndo sério risco de vida”, alerta.

Bento destacou ainda que existe um sinal de trânsito na MG-050, na entrada do bairro Icaraí e Lagoa dos Mandarins, que funciona das 16h30 às 18h. “São três minutos para os carros da MG-050 e um minuto para quem está saindo do Icaraí. Não tem nenhum momento que dá prioridade aos pedestres”, destaca.

Mãe de um garoto que foi atropelado no trecho, Rosa Teila da Silva relatou preocupação com a situação atual. “Meu filho não é a primeira vítima dessa rodovia e nem vai ser a última enquanto o descaso das autoridades continuar. Enquanto a vítima não foi filho de gente poderosa, eles não vão olhar para nós. Existe uma faixa de pedestres e hoje os carros estão parando porque a polícia está aqui, mas no dia a dia ninguém para, pedestre não tem vez”, desabafou.

Empresários

Os empresários e comerciantes também participaram da manifestação. Segundo eles o trevo do bairro Icaraí, sem a obra prometida pela Concessionária responsável pela rodovia, causa prejuízos para as empresas, principalmente no horário de pico.

Além disso, segundo a classe, Divinópolis é a maior cidade entre as que a rodovia corta e o alto valor do pedágio e a estrada sem duplicação afastam investidores. “Como uma empresa vai instalar na nossa cidade e pagar para escoar a produção e ainda ter uma rodovia ruim?”, questionaram.

Obras

De acordo com o Governo do Estado, a área de influência da rodovia abrange 50 municípios, que somam mais de um milhão de habitantes – 7,4% da população de Minas, o que representa 7,7% do Produto interno Bruto (PIB) mineiro.

Em nota, a Concessionária responsável pela rodovia informou que a execução das obras no trecho da MG-050 tem previsão de início para este trimestre e que não são as mesmas previstas no contrato original, pois sofreram alterações em seus projetos, incorporando melhorias para atendimento a demanda do município. Como exemplo, cita o trecho de duplicação que anteriormente era de nove quilômetros e passou para 13 quilômetros.

A concessionária esclareceu ainda que, no perímetro urbano de Divinópolis já foram executados 3,8 km de duplicação, uma passagem inferior de pedestres e a ponte sobre o rio Itapecerica, além da construção do trevo em dois níveis (trincheira) para acesso à BR 491, com duas passagens inferiores de veículos e pedestres. Também foram construídos 2,3 quilômetros de terceiras faixas.

Licenças ambientais

As novas obras, segundo a empresa, integram o cronograma da concessionária, pactuado com a assinatura do Termo Aditivo nº 7 entre com a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), em maio de 2017.

“É preciso esclarecer que, as licenças ambientais para execução das obras são emitidas pelos organismos governamentais, não se restringindo somente ao meio ambiente, mas também à proteção do patrimônio histórico”, conforme a nota.

Para que seja possível o inicio das obras, a concessionária precisa da autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), de Belo Horizonte, com a emissão de Portaria de Permissão para a realização das obras.

A concessionária informou que protocolou o pedido de permissão no Iphan no dia 28 de setembro de 2016 e que ainda não obteve uma resposta.

 

Fonte: G1 ||

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