Três meses após o início da vacinação contra a Covid-19, dados preliminares revelam que os óbitos provocados pela doença caíram significativamente entre os profissionais da saúde em Minas Gerais – 48% entre janeiro e abril –, na contramão da escalada de mortes observada desde dezembro do ano passado.

De acordo com os boletins epidemiológicos da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), a média diária de vítimas do coronavírus entre toda a população de Minas Gerais aumentou 49% em março e 72% em abril, na comparação com o mês anterior. Enquanto isso, houve uma inversão da tendência na linha de frente, com quedas de 11% e 41% nos períodos equivalentes – os dados não detalham quantas pessoas atuavam diretamente no atendimento a pacientes com Covid-19.

Tendo os trabalhadores do setor como um dos grupos prioritários, a imunização começou no dia 18 de janeiro, com um intervalo de até quatro semanas entre a dose inicial e o complemento. Primeira vacinada em Minas, a técnica de enfermagem Maria Bom Sucesso Pereira recebeu a segunda injeção em 8 de fevereiro.

O número médio de vítimas confirmadas entre os trabalhadores da saúde foi caindo progressivamente, de 7,5 por dia em janeiro para 3,9 em abril, no sentido oposto à disparada de 102 para 319 mortes diárias no Estado.

m relação ao total de óbitos em Minas, os profissionais da saúde eram 7,5% das vítimas da Covid-19 no acumulado até o início deste ano, e passaram a representar 3% dos óbitos registrados de fevereiro para cá. Desde o início da pandemia, foram confirmadas ao todo 1.596 mortes por Covid-19 entre os trabalhadores do setor.

“O Sindicato dos Médicos entende que a vacinação de toda a população é, com certeza, a medida mais eficaz para conter a epidemia. Especificamente para os trabalhadores da saúde, ela é fundamental porque garante postos de trabalho sendo ocupados por esses profissionais. Isso vai garantir que a população não corra risco de desassistência”, reagiu o presidente do Sinmed-MG, Fernando Luiz de Mendonça.

Menos de 50% receberam a segunda dose

Apesar da notícia animadora, entidades de classe se queixam do avanço lento na vacinação. De acordo com dados da própria SES-MG, 85% dos trabalhadores da saúde receberam a primeira dose, e 49%, a segunda.

O presidente do Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren-MG), Bruno Farias, diz ver a redução do número de óbitos “com certo alívio”, mas cobra urgência na ampliação da cobertura.

“Peço mais agilidade do governo na vacinação, não apenas dos profissionais, mas também dos estudantes e estagiários na ativa, que se expõem aos mesmos riscos. Um número significativo de pessoas [89 mil] não voltou para tomar a segunda dose, enquanto nossos profissionais imploram pela vez deles. Estamos cobrando de todas as esferas e tentando entender o motivo de ainda não termos 100% dos trabalhadores vacinados”, afirma.

O Sindicato dos Médicos (Sinmed-MG) e o Conselho Regional de Medicina (CRM-MG) vão na mesma linha e acrescentam que a situação estaria pior em Belo Horizonte na comparação com o interior. Segundo o Vacinômetro do governo, 62% dos profissionais receberam a primeira injeção na capital, e 45%, as duas.

“A prefeitura, infelizmente, ainda não conseguiu levar a êxito uma vacinação para todos os profissionais. O cronograma é irregular, não há uma definição. Esta tem sido uma briga do sindicato, pois entendemos que médicos doentes são médicos que não estão ocupando os postos de trabalho”, acrescenta Mendonça.

O CRM-MG, por sua vez, destaca que a promessa do governo estadual era vacinar toda a classe médica com as duas doses até o fim de fevereiro, o que não se concretizou.

Fonte: O Tempo Online

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